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A universidade ensina a questionar. O seu papel nunca foi tão importante como na conjuntura atual do mundo, repleta de grandes interrogações e incertezas.

Além das grandes questões filosóficas que se levantam sobre os modelos sociais ocidentais e sua sustentabilidade, a globalização veio reformular os padrões económicos clássicos. Além disso, sobressaem problemas de segurança, não só derivados do terrorismo, mas de novas tensões geopolíticas, como no Médio Oriente, entre sírios, russos e americanos, ou na Coreia do Norte, entre americanos, coreanos e chineses. Novos e velhos radicalismos políticos e religiosos emergem.

Em especial no caso português, questiono as razões que levam a tanta euforia económica, o crescente recurso ao crédito ou o elevadíssimo índice de confiança dos consumidores, que segundo a Nielsen atingiu recentemente o valor mais elevado de sempre, 74 pontos. Já não me refiro às grandes interrogações internacionais, mas em especial à verdadeira realidade nacional, em que o problema da banca está longe de estar resolvido, em que a dívida pública continua a crescer e a bater recordes, ultrapassando os 133% do PIB, o desemprego e a precariedade não recuam, e muita instabilidade ao nível da construção europeia.

Ainda assim, o Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade estima que a economia nacional possa crescer 2% em 2017, apesar da sua desaceleração progressiva ao longo do ano.

Na economia comportamental ou na nova economia clássica, o conceito de expectativas racionais (Muth, 1961) tem por base a hipótese de que os agentes utilizam a informação disponível relativamente ao comportamento e previsões da economia, antecipando de forma racional as atitudes e as políticas futuras do governo (Lucas e Rapping, 1969), reagindo no presente em consonância com as expectativas formadas pautando os seus comportamentos de consumo, investimento e poupança, por essas “guidelines”.

Muitas vezes as flutuações de preços ou os índices de crescimento acontecem devido a alterações de expectativas e estímulos e não por factos concretos. A grande questão será interpretar os indicadores e saber filtrar informação individualmente (microeconomia) e não como um todo, como funcionam os agentes económicos, considerando o seu agregado (macroeconomia).

Há razões que a Razão desconhece. Não restam dúvidas de que vivemos tempos muito curiosos. Questionemo-nos.

 

Director do ISG – Business& Economics School

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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