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[ Carlos Vieira | Administrador ISG ]

Escrevo este artigo depois de ter visto na noite anterior o filme Elysion, realizado por Neill Blomkamp, onde os privilegiados do planeta vivem numa estação espacial afastados das crises, económicas, alimentares e de saúde. Não se fala de educação mas pode-se imaginar uma Terra soterrada por preocupações que empurram esta necessidade para níveis menos prementes do que os atrás mencionados.


Nas últimas semanas a revista Economist tem vindo a apresentar vários artigos sobre a educação e o emprego. Muito focados na realidade dos EUA mas que se aplicam à generalidade dos países e situações. Na edição de 3 de Janeiro, um artigo de capa sobre Workers o Tap (traduzido por “trabalhadores na torneira”, sendo que a capa da revista representa isso mesmo) apresenta uma realidade factual que permite que as organizações possam utilizar recursos humanos e intelectuais numa lógica on-demand. Desde a já famosa Uber, que utiliza condutores privados a preços mais económicos que um táxi normal, a sites como o www.freelancer.com, a realidade vem apresentando modelos que, no limite, permitem a um cidadão adaptar a sua vida laboral às suas necessidades e preferências, reforçando, no entanto, um modelo altamente concorrencial que vem permitindo reduções sucessivas de preços com aumentos de qualidade dos serviços prestados.

Sem querer defender este ou aquele modelo, o que daqui sai reforçada é a necessidade de cada indivíduo ir permanente e consistentemente aumentando as suas capacidades intelectuais que permitam ser um vencedor num modelo que o satisfaça como cidadão de pleno direito. No artigo de capa, também da Economist, de 24 de Janeiro, intitulado “A nova aristocracia Americana – Educação e a herança de privilégio” vem extensamente explanada a cada vez maior diferença entre aqueles que podem proporcionar uma cada vez melhor educação aos seus descendentes e os que não o podem ou conseguem fazer, seja por via da diferença económica, seja pela inércia social em que vivem. A capa da própria revista é elucidativa, com uma criança abraçada a um livro de mandarim para iniciados e segurando numa mão um violino. Ou seja, não se fala somente dos conhecimentos teóricos, ditos clássicos, mas cada vez mais se reforça a necessidade que os pais têm de conceder aos seus filhos tudo o que, no seu entendimento, reforce as capacidades cognitivas e de relacionamento social.

Na passada semana assistiu-se, pelo segundo ano em Portugal a um conjunto de ações integradas na semana da Liberdade de Escolha da Escola. Diversas instituições desenvolveram atividades visando analisar diversos modelos, tendo finalizado a mesma com uma conferência no Conselho Nacional de Educação sobre os possíveis instrumentos dessa liberdade. Os tempos que vivemos devem fazer aumentar o comprometimento da sociedade civil nas decisões mais importantes e relevantes. Sem educação de qualidade não há liberdade, nem melhoria das restantes condições necessárias para uma vivência digna. Haja vontade de mudar. Para que não gostemos todos de defender publicamente as mudanças, virando costas quando essa mudança toca nos nossos direitos adquiridos.

 (Artigo escrito de acordo com o mais recente acordo ortográfico)

1 – http://www.economist.com/news/leaders/21637393-rise-demand-economy-poses-difficult-questions-workers-companies-and
2 – http://www.economist.com/news/leaders/21640331-importance-intellectual-capital-grows-privilege-has-become-increasingly
3 – http://www.economist.com/news/united-states/21639516-will-barack-obamas-plan-free-community-college-make-difference-zero-tuition
4 – http://www.economist.com/news/united-states/21639515-rahm-emanuels-school-reforms-are-working-hard-work-rewarded
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