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Há já alguns tempos que queria escrever sobre este assunto tão bem descrito no artigo do passado dia 24 de outubro de José Manuel Fernandes no Observador. Mas desde que se tornou quase crime qualquer jovem falar sobre a insustentabilidade do regime de segurança social e da necessária solidariedade intergeracional – mas ao contrário, dos mais velhos para os mais novos – que o receio do enxovalho aumentava e a vontade diminuía. Há uns meses, numa reunião de um órgão estatutário a que pertenço eu ouvia por um lado a referência à falta de um líder político como no antigamente (mais ou menos recente) acompanhado de referências às más escolhas que os nossos governantes tomaram até agora, no período do pós-25 de abril. Dei por mim a questionar porque desejavam tanto um líder quando os supostos grandes líderes que até agora nos governaram tinham sido, eles mesmos, os responsáveis pelas supostas más escolhas. Olhavam para mim e devem ter pensado: jovem incauto, o problema não serão certamente os grandes líderes mas sim os que os acompanhavam que traíram os princípios fundadores dessa liderança.

Para mim esse é o princípio errado e que, inclusive, do que precisamos é de mais líderes que o são porque sabem ouvir e fazer as pontes entre as diversas tendências e vontades, que querem estudar e aprender e que não tomam as coisas por garantidas, que sonham sinceramente com uma vida de causa pública e, porque não, que saibam pedir desculpa pelos atos que eles ou outros em quem delegaram alguma competência tomaram.

Assim, para além de uma Escola que efetivamente forme os nossos funcionários públicos e os nossos políticos, necessitamos de quem nela ensine e que transmita conhecimentos e experiências. E uma escola que consiga interpretar e impor as regras de boa gestão que devem ser seguidas em todas as organizações e que tenha como pedra de toque a cidadania e o prazer de servir os restantes cidadãos faz falta. Assim como faz falta que os excelentes professores do nosso país transmitam estes valores, preferindo reforçar os valores e obrigações de cada um dos seus alunos e só depois ensinar sobre direitos e garantias.

Lendo as críticas ao texto de José Manuel Fernandes sinto reforçada a ideia da cidadania de pleno direito. A cidadania que por vezes é esquecida por detrás de uma agressividade escondida sobre o capote do anonimato. A falsa cidadania que se suporta na (essencial) liberdade de expressão. É por aqui que mantenho a esperança de que, nas escolas, através do saber e da experiência revelada, os nossos alunos se tornem melhores cidadãos, melhores empresários, melhores mães e pais, melhores políticos, etc.

Passemos a mensagem. Preocupemo-nos mais em ensinar as nossas crianças e jovens a agir e decidir em consciência, a assumir a liberdade que lhes foi concedida, a criticar mais positiva que negativamente, a ser solidários com todos os que os rodeiam.

Seremos, certamente, um melhor País.

Carlos Vieira, Administrador ISG

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(Artigo escrito de acordo com o mais recente acordo ortográfico)

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