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Pensamos poderem ter viabilidade alguns projetos havendo interesse por parte de empresas dos países do eixo atlântico (como os EUA, o Reino Unido e o Brasil, por exemplo) em investir em projetos que possam potenciar a criação de valor e que recoloquem os Açores, e as Lajes em particular no centro económico do Atlântico.

O título inicial do presente artigo parafraseia o livro “Ideias perigosas para Portugal – propostas que se arriscam a salvar o país”, coordenado pelos Professores João Caraça e Gustavo Cardoso. Recordei-me desse livro e do respetivo título porque estamos de facto nesse tempo: o tempo de ter ideias disruptivas que permitam sacudir a depressão associada à crise e colocarmo-nos a pensar nas oportunidades que existem para que quando a maré mudar (e vai mudar!) possamos criar valor para os cidadãos deste país.

A base das Lajes está situada na ilha Terceira, no Grupo Central do arquipélago dos Açores. Neste momento assiste-se a uma diminuição significativa da atividade das forças americanas que, desde a 2.ª Guerra Mundial utilizam a base. Recordando algum do histórico da relação de parceria com os EUA, as contrapartidas pela utilização da base assumiram sempre um carácter de compensações monetárias, construção de infraestruturas ou de reequipamento das Forças Armadas portuguesas. Note-se que não se pode falar de uma obrigatoriedade unívoca de comparticipação pois Portugal é membro fundador da NATO e, desde a sua criação, em 1949 que os Açores são considerados um dos maiores ativos de Portugal e desta organização supranacional.

Na situação de grande indefinição que ocorre nos EUA e onde há uma clara necessidade de redução (ou de realocação) das despesas com as suas Forças Armadas, e na sequência de um conjunto de estudos e de debates que têm vindo a decorrer, tive a oportunidade de analisar com dois investigadores do ISG/CIGEST, Ruben Eiras1 e Nuno Oliveira, as potencialidades económicas dos Açores e muito especificamente das Lajes. Face às dificuldades existentes em Portugal, e numa perspetiva de atração de investimento estrangeiro, pensamos poderem ter viabilidade alguns projetos havendo interesse por parte de empresas dos países do eixo atlântico (como os EUA, o Reino Unido e o Brasil, por exemplo) em investir em projetos que possam potenciar a criação de valor e que recoloquem os Açores, e as Lajes em particular no centro económico do Atlântico. Pois bem essas “ideias perigosas” são duas, que têm necessariamente de se complementar.

A primeira é a construção de uma refinaria de petróleo ou de uma central que possa, por exemplo, transformar gás natural em gasóleo ou gasolina2 que possa criar um entreposto que permita a refinação ou transformação dos mais variados tipos de petróleo (que têm densidades diversas) ou gás natural e que adicionalmente permita um modelo de “trading” potenciado por um modelo fiscal atrativo. Esta refinaria deveria ser implementada usando novas tecnologias de design industrial sustentável e um sistema de prevenção e gestão de riscos de topo de gama que serviria enquanto “benchmark” para outras centrais, podendo deste modo também abrir-se uma nova área de negócio de consultoria em engenharia “made in Azores”. Os Açores dispõem de estruturas portuárias que podem ser melhoradas e que seriam suficientes para a gestão das frotas. E os Açores podem inclusive potenciar a sua capacidade geotérmica para efeitos de funcionamento das referidas centrais.

A segunda está ligada à primeira e foca-se no desenvolvimento de um cluster de investigação e desenvolvimento, centrada por exemplo na Universidade dos Açores e que possa atrair a colaboração de outras instituições de investigação estrangeiras e até uma eventual relocalização das mesmas. A área fundamental e crítica para o país passaria pelo potencial de toda a plataforma continental portuguesa. A seriedade da questão é que sendo verdade que se temos uma das maiores plataformas continentais do mundo, se pouco ou nada fizermos os riscos de pressão para a exploração por parte de outros (sejam parceiros NATO ou União Europeia) vão ser imensos. Assim, urge capacitar, em parceria com outros países e com as empresas neles sediadas, a indústria, a energia e a ecologia portuguesas para que de facto Portugal possa reclamar a efetiva centralidade do mundo ocidental.

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