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Na sociedade global e nos mercados de antecipação que a caracterizam, o valor da informação para fundamentar a tomada de decisões é cada vez maior para os diversos agentes económicos (famílias, Estado e empresas). De facto, a informação transformou-se no quarto factor produtivo, logo seguido da terra, trabalho e do capital. Ao contrário dos outros, tem ainda a particularidade de não ser escasso, mas de ter que ser selecionado em bem gerido, em acções de datagathering, datawarehouse e datamining (recolha,armazenamento e utilização).
Uma informação interessante, que habitualmente não consta dos modelos analíticos externos dos planos estratégicos das empresas, onde, com maior ou menor imprecisão se aplicam os modelos tradicionais PEST, Porter ou a tradicional SWOT, é o da estrutura do consumo das famílias portuguesas, expresso em percentagem do rendimento disponível, que se tem mantido constante na última década.

De notar que as despesas com educação representam apenas cerca de 1% do rendimento disponível das famílias portuguesas. É uma realidade que se mantém há duas décadas. Se compararmos com os 3% em bebidas alcoólicas e tabaco ou 10% em restauração e hotelaria, diria que é muito preocupante. Em valor absoluto, em 2010, as despesas privadas em saúde foram de 6568,4 milhões de euros e as de educação de 1539,1 milões de euros. Os valores de consumo de bebidas alcoólicas foi de 3766,4 milhões de euros e em restauração e hotelaria foram gastos 12821,6 milhões de euros.
É curioso também analisar os principais gastos públicos, ou seja na saúde e na educação. Enquanto os gastos das famílias na saúde representam cinco vezes os gastos em educação, não deixa de ser curioso que o Estado gaste cerca de 700€ per capita em educação e cerca de 1600€ per capita em saúde.

Nestas áreas que representam os principais gastos públicos, existe uma clara desproporção entre saúde e educação, que pode até ser compreensível pela estrutura demográfica portuguesa, mas que, se correlacionada com as despesas de consumo das famílias talvez se possam tirar outras ilações para os decisores de política económica e social, agora que tanto se fala na reforma do Estado: Será que as famílias devem pagar tanto pela saúde e tão pouco pela educação?; Será a saúde bem gerida em Portugal, absorvendo recursos tão elevados dos particulares e do Estado?; Poderá ser privatizada parte da saúde e da educação, libertando espaço de livre escolha às famílias e economizando recursos ao Estado e podendo o benefício ser maior em eficiência e em eficácia?; Será mais efectivo para o Estado subcontratar em vez de manter as infraestruturas de saúde e de educação?; Poderão novas políticas de saúde e de educação, aumentar o rendimento disponível das famílias permitindo outra reafectações de recursos e de consumo?

Miguel Varela | Diretor ISG
29 Julho 2013 | Jornal Negócios

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