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Os números são uma realidade objectiva. No entanto, aprendemos com as últimas eleições legislativas que afinal podem ser interpretados das mais variadas formas, ou somados de acordo comas combinações mais favoráveis, tornando todas as hipotéticas soluções governativas “argumentáveis”.

O Presidente da República respeitou a tradição democrática e esteve bem na decisão que tomou, legitimando a força política mais votada nas últimas eleições, privilegiando a estabilidade em detrimento de uma ruptura radical com os ideais e práticas políticas que têm sido seguidas nas últimas décadas.

Parece certo que o novo governo terá uma vida breve e adivinha-se um cenário de instabilidade até à marcação de novas eleições legislativas, que quase certamente ocorrerão em meados de 2016, por não poderem acontecer antes. Com a liderança de António Costa, é altamente improvável que o PS viabilize o programa do governo e o orçamento de estado deste governo. Também será improvável que um governo de gestão possa subsistir muito tempo bem como um governo chefiado por António Costa com apoio do BE e da CDU.

A proposta de governo que António Costa procurou “vender” aos portugueses, com o apoio do BE e da CDU, nunca foi legitimada em acto eleitoral nem em acordo formal, pelo que António Costa, caso se mantenha secretário-geral do PS até às próximas eleições, deverá ter a coragem de assumir, com o BE (e talvez a CDU), em coligação pré-eleitoral e apresentar-se aos eleitores com um programa concreto e objectivo que deve submeter a sufrágio dos portugueses. Assim, tudo será mais claro e o resultado das eleições, indiscutível. Mais, deverá igualmente assumir o eventual ónus político de ser o responsável pela instabilidade a que o PS poderá conduzir o país, depois de ter rejeitado a proposta da PaF com mais de vinte medidas que constavam no próprio programa do PS e inclusivamente para ser vice-primeiro ministro. Ou seja, voltando a números e às suas interpretações, rejeitou o que 70% dos portugueses eventualmente preferiam.

António Costa foi o grande derrotado das últimas eleições legislativas. Sou da opinião que não tivemos um governo bom na última legislatura (que não agradou nem à direita nem à esquerda) e que António Costa teria uma “passadeira vermelha” para ganhar as eleições, não fossem as incoerências estratégicas e políticas e a desastrosa campanha eleitoral do PS. António Costa chegou a pedir a maioria absoluta aos eleitores. Acabou derrotado nas urnas. Defendo que António Costa devia ter-se demitido imediatamente pois o seu projecto falhou por completo perante o PS e sobretudo perante os portugueses.

Uma nova liderança no PS poderia ter definido um quadro de estabilidade política, um governo conjunto entre PSD, CDS e PS, sem recurso a novo acto eleitoral já tão previsível, e com tanto prejuízo de tempo, dinheiro e custo de oportunidade para Portugal.

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