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«A Logística tem vindo a ganhar uma centralidade crescente no âmbito dos processos de reestruturação e reorganização do sistema económico mundial, a qual é, basicamente, explicada pela busca incessante por níveis elevados de eficácia e eficiência nas esferas da produção e da distribuição de bens num contexto de globalização.

A este aumento da importância da Logística não é alheio o esbatimento progressivo das barreiras proteccionistas à circulação dos bens, proporcionando a deslocalização das unidades produtivas para regiões onde o custo do factor trabalho é muito baixo e, consequentemente, provocando uma alteração significativa dos fluxos físicos das mercadorias (quer ao nível das quantidades transportadas quer no aumento dos percursos médios). 

Temos assim, no panorama actual internacional, que são nos processos logísticos onde se encontra uma parte significativa do sucesso das economias que apostam na criação de vantagens competitivas globais. Neste contexto, assumem particular importância as estratégias das cadeias de abastecimento que se baseiam, essencialmente, na redução da complexidade processual, recorrendo para tal a instrumentos como a transparência e simplificação na produção, no transporte, no armazenamento e na distribuição.

Contudo, depois de anos e anos em que a economia e os seus modelos de previsão associados se sobrepuseram a tudo e a todos, acordamos para uma nova realidade em que a retórica política começa a ser dominante. O Brexit, a retirada da participação norte-americana do Tratado Transpacífico e a nova abordagem das relações dos EUA com a China são exemplos dessa alteração de paradigma. 

De facto, é no relacionamento entre os EUA e a China que se encontram mais factores geradores de incertezas no tocante ao comércio internacional e, consequentemente, às cadeias logísticas associadas. Ciente do aumento da importância da China, fruto da crescente liberalização do comércio mundial, o presidente norte-americano pretende dar um novo fôlego ao sector industrial, nomeadamente através do aumento da tributação fiscal à importação de bens produzidos em solo chinês.

O impacto de uma medida desta natureza pode traduzir-se numa redução enorme no fluxo de trocas comerciais entre estes dois países com consequências directas para o transporte marítimo internacional, dado que a China é o segundo maior parceiro comercial dos EUA. À China ainda poderíamos juntar, a Europa, o México, a Austrália, alguns países africanos ou muçulmanos, como exemplos de Estados e de blocos económicos que podem ver as suas relações com os EUA alterarem-se substancialmente face à nova política externa norte-americana.

Estamos, assim, a atravessar uma nova era caracterizada por uma grande incerteza tanto ao nível político como económico. A história comprova que as épocas de instabilidade são verdadeiras incubadoras de inovação e de evolução do conhecimento.

Por isso é expectável assistirmos, nos próximos tempos, a uma transformação estratégica e comportamental ao nível da gestão das actividades logísticas, em consequência da visão 360º da cadeia de abastecimento que lhe é exigida. Este realinhamento das estratégias das cadeias de abastecimento, fruto da instabilidade e volatilidade dos mercados, estará sempre dependente de uma reestruturação das operações logísticas suportadas em novos e sólidos conhecimentos técnicos.

Daí tem-se verificado o acentuar de uma crescente procura de gestores na área do supply chain em todos os sectores da economia, seja pública ou privada, da indústria, serviços ou distribuição. Num artigo publicado pela revista Logística Moderna do corrente mês é referido que, segundo o “Guia do mercado laboral 2017”, desenvolvido pela Hays, os profissionais de logística e supply chain surgem no top 10 dos principais perfis procurados pelas empresas nacionais em 2017. 

Para fazer face aos desafios que estes novos tempos encerram, ao gestor na área do “supply chain” é exigida uma formação multidisciplinar, que inclua skills de negociação, que possua uma visão integrada da cadeia de abastecimento e que saiba recorrer às tecnologias de informação e de comunicação. Para além das competências técnicas anteriormente referidas, o profissional deve possuir raciocínio lógico e abstracto, ter fluência em vários idiomas e possuir, ainda, espírito de equipa.

Face ao elevadíssimo grau de exigência imposto aos gestores na área da logística, o Instituto Superior de Gestão (ISG) tem vindo, desde longa data, a dotar os quadros superiores de empresas do sector ou ainda gestores de topo das organizações, de um conjunto de competências e conhecimentos para o domínio estratégico e operacional da área da Logística. Para tal, o curso de Pós-graduação em Logística e Gestão de Operações, que já vai na 3ª edição, pretende ser um valioso contributo para que as empresas permitam dar resposta aos desafios estratégicos e táticos que são colocados no mundo de hoje ao longo da Cadeia de Abastecimento».

 

Artigo publicado em Cargo Edições no dia 27 de março

Mestre Paulo Pereira, Docente da Pós-Graduação em Logística e Gestão de Operações do ISG | Business & Economics School

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