A economia é uma ciência social cada vez menos previsível, pois grande parte das variáveis que influenciam o crescimento económico dificilmente são matematizáveis.
Durante esta semana, no World Economic Outlook (WEO), o FMI estimou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional de 2,4% para 2018, acima da previsão do Governo que é de 2,3% de acordo com o Programa de Estabilidade e Crescimento 2018/2022. Em termos de tendência, nesse mesmo documento, o Governo estima um crescimento constante anual de 2,3% até 2020, abrandando o ritmo para 2,2% e 2,1% em 2021 e 2022. O FMI, por sua vez, anuncia um abrandamento da economia portuguesa já a partir de 2019, crescendo abaixo dos 2%.
A economia é uma ciência social cada vez menos previsível, pois grande parte das variáveis que influenciam o crescimento económico dificilmente são matematizáveis, como o progresso tecnológico, a cultura, a legislação, a decisão política ou a moda e os gostos dos consumidores. A este problema acresce o facto de o mundo estar em cada vez maior e acelerado ritmo de mudança dos seus sistemas sociais e económicos. Muitas vezes as previsões falham a três e seis meses sendo mais passíveis de errar quanto maior o horizonte temporal das mesmas.
Ainda assim, são boas notícias os valores previsíveis de crescimento económico anunciados em qualquer dos cenários, do Governo ou do FMI, e como muitas das decisões económicas dos diversos agentes são baseadas em expectativas, o futuro próximo deverá continuar a trazer boas notícias.
A maior divergência de previsões é relativamente ao saldo da balança corrente em que o FMI estima um superavit de 0,2% do PIB em 2018 e um défice de 0,1% do PIB em 2019. O Governo apresenta previsões bem diferentes e sempre com excedente: 0,7% do PIB em 2018, 2019 e 2020.
Também ao nível do desemprego em Portugal, o FMI estima que se situe nos 6,7%, já em 2019 e 7,3% até final deste ano. Na análise deste indicador, o Governo não é tão otimista, prevendo que a taxa de desemprego se fixe em 7,6% em 2018, 7,2% em 2019, 6,8% em 2020, 6,5% em 2021 e 6,3% em 2022.
Em qualquer dos cenários previstos pelo PEC ou pelo WEO, teremos “previsivelmente” bons desempenhos até 2020. A conjuntura é favorável no médio prazo. Será uma boa altura para continuar a controlar a inflação e proceder a adaptações estruturais. Vamos ver os “gap” que nos irá trazer a realidade em relação às previsões.
Diretor do ISG
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Artigo publicado a 19/04/2017 em Jornal de Negócios