A felicidade nas organizações é um tema que tem vindo a ser bastante debatido nos últimos anos, porque não é consensual se a mesma é uma realidade ou se não passa de uma utopia. A resposta a esta pergunta pode ser complexa, uma vez que depende da forma como definimos a felicidade e do contexto em que a abordamos.
Se definirmos a felicidade como uma constante sensação de prazer que vivenciamos no local de trabalho, podemos considerá-la uma utopia, pois é impossível que todos os dias sejam perfeitos, sem problemas ou conflitos. No entanto, se considerarmos a felicidade como um estado de equilíbrio emocional e psicológico, que dá sentido às nossas atividades profissionais, então podemos afirmar que a felicidade nas organizações é uma realidade possível.
Atualmente, são muitas as organizações que se preocupam com esta temática e realizam iniciativas que visam a promoção da felicidade dos seus colaboradores (e.g., horários flexíveis, ambiente harmonioso, reconhecimento), pois acreditam que a felicidade no trabalho é possível e traz benefícios tanto para a organização como para os colaboradores.
Na sequência desta ideia, a consultora Great Place to Work realizou um estudo que demonstrou que os trabalhadores felizes tendem a ser mais produtivos, criativos e comprometidos com a organização, o que pode gerar benefícios para todos os envolvidos. Estes resultados podem ser comprovados através de diversos indicadores, nomeadamente: a redução das taxas de turnover, o aumento da produtividade, os elevados níveis de satisfação, uma melhor qualidade de vida e uma melhoria significativa na qualidade dos produtos e serviços oferecidos.
Além disso, as organizações que valorizam a felicidade dos seus colaboradores tendem a atrair os melhores talentos, o que pode gerar um importante diferencial competitivo. Não obstante, é importante salientar que a felicidade nas organizações não deve ser vista como uma solução mágica para todos os problemas, porque se não existir uma visão estratégica que invista no bem-estar dos trabalhadores, os resultados esperados nunca serão atingidos.
Apesar de não existir uma receita que permita alcançar a felicidade, existem algumas práticas que se têm mostrado eficazes em várias organizações, entre as quais se destacam:
- A existência de uma cultura de confiança, porque as pessoas precisam de sentir que as suas opiniões e ideias são valorizadas e que a organização se preocupa com o seu bem-estar;
- A oferta de oportunidades de crescimento e desenvolvimento para que os trabalhadores sintam que estão num processo de aprendizagem contínua que lhes permite progredir na carreira;
- A promoção de um ambiente de trabalho saudável que valorize o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal;
- A garantia de que existe uma comunicação clara e transparente que permita entender quais são as expectativas da organização;
- Um feedback construtivo que transmita a importância do contributo de cada um para alcançar os objetivos organizacionais;
- Um sentimento de unidade e cooperação, porque quando as pessoas percecionam que fazem parte de uma equipa coesa e comprometida, sentem-se apoiadas e os seus níveis de stress e ansiedade tendem a diminuir;
- A diversidade de tarefas, que além de ajudar a promover a criatividade e a inovação no trabalho, promove o desenvolvimento de novas habilidades e competências, que dão origem a soluções mais criativas para resolver problemas complexos;
- A identificação com a organização, porque quando o trabalhador se identifica com os valores, objetivos, missão e cultura da organização, sente-se parte integrante do todo e tem um sentimento de pertença que aumenta a sua satisfação;
- Uma liderança inspiradora, que incentive o crescimento pessoal e profissional e apoie o esforço do colaborador para alcançar os seus objetivos;
- E o orgulho em fazer parte da organização, porque quando estamos orgulhosos do nosso trabalho, sentimos um sentido de realização que nos motiva a trabalhar para atingir a excelência no desempenho das nossas tarefas.
No entanto, a felicidade não é algo que deva ser imposto pela organização, porque cada pessoa tem as suas próprias necessidades e expectativas em relação ao trabalho que desempenha. Ainda assim, cabe à organização oferecer um ambiente que permita que cada um encontre a sua própria felicidade e realização pessoal e profissional. Importa ainda realçar, que a felicidade no trabalho não depende apenas da organização, mas sim do esforço conjunto entre todos os que nela trabalham. Perante o exposto, podemos concluir que a felicidade nas organizações não é uma realidade ou uma utopia, mas sim um processo contínuo que visa a construção de um ambiente positivo e saudável, onde as pessoas gostem de trabalhar.