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Os candidatos ao ensino superior têm vindo a diminuir. Um estudo recente feito pelo Ministério da Educação revela que dos alunos que terminaram este ano lectivo o ensino secundário, 75,6% desejam prosseguir os estudos.

Esta percentagem é de apenas 34,5% dos estudantes do ensino profissional, quando comparada com a do ensino regular que atinge os 86,5%. Curiosamente as principais razões apontadas são “ganhar o seu próprio dinheiro” e “não gostar de estudar “, sendo que a crise ou as dificuldades económicas apenas são indicadas por 28% dos estudantes que não querem prosseguir estudos no ensino superior. Num país em que a taxa da população com ensino superior é apenas de 14,5%, é estranho que existam menos de 45 mil candidatos ao ensino superior, o que representa metade dos alunos que terminam o 12º ano.

A posse de um canudo foi em tempos garantia de um emprego melhor remunerado do que os restantes, o que não acontece actualmente até pela desarticulação do número de vagas das instituições com as reais necessidades do mercado. Ainda assim apesar dos mais de 115 mil licenciados desempregados, estamos a falar de uma taxa pouco superior a 11%, inferior à média de desemprego nacional. Como académico, também não concordo que a empregabilidade seja um critério de avaliação dos cursos ou da sua qualidade, pois existem muitos cursos cujo objectivo é enriquecer o conhecimento e não propriamente a sua aplicabilidade no mercado de trabalho. Também a investigação é um critério absolutamente discutível para a validação de cursos superiores. No ensino superior, a capacidade transmissão de conhecimentos e de experiências é ainda mais importante. Muitos estudos de auto-avaliação de instituições de ensino superior revelam por vezes, que muito bons investigadores são muito maus comunicadores e situações inversas. Também a investigação em ciências médicas, na química, na biologia ou nas tecnologias não pode ser comparada à investigação nas ciências sociais, com iguais parâmetros, para a validação e acreditação de cursos. Por isso sempre existiu uma diferenciação de carreiras de investigação e de docência.

A rede pública de ensino superior, paga pelo contribuinte, é muito superior às reais necessidades do país e não teve em conta qualquer planeamento em função da evolução da natalidade ou das necessidades do país. Existem 15 universidades, divididas em diversas faculdades, e 27 institutos e escolas politécnicas, também divididas em diversas escolas, que oferecem mais vagas do que o número de candidatos ao ensino superior. A tendência de encerramento de muitas escolas primárias e secundárias que se verifica por todo o país, chegará certamente ao ensino superior.

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[ Miguel Varela | Diretor ISG ]
(Artigo escrito de acordo com o mais recente acordo ortográfico)

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