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A educação e as emoções

16 de Fevereiro, 2018
teresa damasio1

Andreas Schleicher, diretor da OCDE(1), esteve em Portugal na passada sexta-feira e deixou sérias advertências ao ensino português.

Na apresentação pública dos resultados da avaliação pela OCDE dos sistemas de ensino superior, ciência, tecnologia e inovação (2016-2017)(2), que foi feita a pedido do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, foi apresentada a radiografia de parte do nosso sistema educativo e as conclusões devem merecer da nossa parte uma atenção redobrada.

Das várias notas deixadas destaco as feitas a propósito das políticas de investigação e inovação, assim como acerca do projeto-piloto de Autonomia e Flexibilidade Curricular(3) e a sua ligação ao regime de acesso ao ensino superior(4).

É do conhecimento generalizado que Portugal tem um défice estrutural de doutores e que apesar de ter aumentado o número de doutorados o mesmo não teve reflexo no registo de patentes por parte das empresas portuguesas, bem como, no crescimento da investigação entre as universidades e o tecido empresarial português. Ou seja, a questão dos doutorados é muito endogâmica pois não há bolsas disponíveis para bolseiros que venham do estrangeiro para Portugal (e que podiam com o tempo alterar a nossa cultura empresarial que preza pouco a qualificação).

No domínio do ensino não superior, a verdade é que alterámos a duração da escolaridade obrigatória(5), mas ainda não conseguimos que o abandono escolar se tornasse virtual, assim como não temos a maioria qualificada dos nossos diplomados do ensino secundário a prosseguir estudos no ensino superior(6). Importa anular a dificuldade de acesso que é criada aos alunos do ensino profissional. Não é legítimo que haja alunos com um acesso preferencial ao ensino superior em detrimento de outros. O princípio da igualdade dá a todos os cidadãos igualdade de oportunidades.

Da intervenção de Schleicher fica, igualmente, o aviso de que teremos de reorganizar o sistema de exames no ensino secundário. Isto porque, para a OCDE o que é verdadeiramente relevante é o domínio das aprendizagens por parte dos alunos e o conjunto de competências que conseguem reter ao longo dos doze anos em que estão integrados na escolaridade obrigatória.

É verdade que ainda há muito para fazer, mas devemos celebrar o salto civilizacional que demos em menos de cinquenta anos e que estará ao alcance de poucas nações.

A vontade demonstrada ao longo dos vários governos, bem como, o movimento de mudança criado por todos os “stakeholders” conseguiu transformar Portugal num Estado onde a educação e as políticas do conhecimento estão no centro da agenda política e mediática e isso é, per si, um grande sinal do nosso índice de desenvolvimento!

(1)http://www.oecd.org/

(2)”OECD Review of the Tertiary Education, Research and Innovation System in Portugal (2016-2017)”

(3)http://www.dge.mec.pt/autonomia-e-flexibilidade-curricular

(4)http://www.dges.gov.pt/pt/pagina/legislacao-referente-ao-concurso-nacional-de-acesso-e-ingresso-no-ensino-superior-publico

(5)Passou de nove para doze anos.

(6)https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+real+de+escolariza%C3%A7%C3%A3o-987

Administradora do ISG | Instituto Superior de Gestão e do Grupo Ensinus

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Publicado a 15/02/2018 in Jornal de Negócios

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