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Programa Biosfera

O investigador do Cigest e docente do ISG, Dr. Nuno Oliveira, participou no passado dia 24 de Novembro no programa Biosfera (XI) – “Condóminio da Terra”

Os 25 anos de educação ambiental em Serralves foram festejados com uma conferência Internacional subordinada ao tema do “Condómino da Terra”.

Várias organizações ligadas às Nações Unidas, juristas e pensadores das causas ambientais estiveram em Serralves a criar as pontes para a educação ambiental do futuro.

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A Hipótese Braveheart

Perante um país que tem as duas condições mais essenciais para reformar o seu sistema económico – capital natural e capital humano -, mesmo sabendo que há muito que o algoz decidiu o nosso destino, inspirado pelos ares de Edimburgo e pela figura mítica de William Wallace, grito ‘Liberdade’

Edimburgo, 20 de Novembro de 2013. Em vésperas de participar no World Forum on Natural Capital (www.naturalcapitalforum.com/) dou por mim a pensar: será que venho de um país rico ou pobre? Será que por ‘lá’ a economia poderá algum dia ser sinónimo de esperança e de desenvolvimento humano sustentável? Será que o meu país ainda é um país a sério? E foi ai que me pus a cogitar na ‘hipótese Braveheart’…

Afinal o que é isso do ‘capital natural’? É dinheiro verde? É novo negócio? É coisa para ser levada a sério? Pois, a julgar pela presença de líderes de grandes corporações, NGO e até representantes de governos pós-ultra-liberais-ou-coisa-parecida, o melhor é levar a sério, ou pelo menos começar a perceber do assunto. Até porque, se há país que pode beneficiar deste movimento é o país de onde venho. O vosso. O nosso.

Então vamos lá tentar perceber como funciona a coisa. No princípio a Terra era um objecto sem forma e vazio, até que de uma bola de fogo começou a emergir uma rocha que, à medida que arrefecia, começava a formar oceanos e uma atmosfera. Como resultado natural / divino (riscar o que não lhe interessa), a vida surgiu e com ela, surgiram alterações biofísicas dos mares e da atmosfera, ou seja, a vida estava a criar condições para a vida.

Das amebas aos dinossauros foi sempr’abrir até que, mais uma vez, o cosmos decidiu fazer uma espécie de reboot do sistema e os dragões deram lugar a uma nova proliferação de vida, que, em consonância com as alterações ambientais decorrentes dos sucessivos abanões no eixo de rotação da Terra e da distância ao seu reactor nuclear, ia tendo eras com diversos elencos de seres vivos a dominar.

Da última vez que a coisa mudou significativamente criaram-se as condições para que um macaco peculiarmente curioso começasse a explorar o seu novo ecossistema e, em resultado da evolução natural / intervenção divina (riscar novamente o que não interessa), e tendo em conta um peculiar envelope de condições bioclimáticas e ecossistémicas, surgem as primeiras comunidades (proto)humanas. Daqui à invenção do alfabeto foi outro saltinho mas há uma parte que não convém desdenhar: foram as condições bioclimáticas e ecossistémicas que permitiram a ascensão humana. E aqui não pode riscar nada, pois não se trata do seu ou do meu interesse, mas sim de factos inegáveis.

E o facto é que sem um sistema natural ou ecológico que continue a suportar estas comunidades (pós)humanas, não há sociedades, estados, sistemas económicos, bailouts, subsídios energéticos, agências de rating ou mundial de futebol. Sem um clima menos vulnerável e brutalmente incerto, sem espécies animais e vegetais das quais nos possamos alimentar, sem recursos naturais que possamos ‘comoditizar’ não há matérias-primas para as indústrias e sem ecossistemas resilientes não há lugares seguros para viver. Ou seja, sem a combinação mágica de um sistema terrestre bioclimático, sem resiliência dos ecossistemas que nos providenciam os serviços de suporte, regulação, produção e até culturais, sem capital natural, não há sistema económico.

“O conceito de um sistema económico independente de um sistema ecológico é porventura a mais terrível falácia que já alguma vez quisemos tornar em dogma”
E sem sistema económico não há valor accionista, investimento externo ou pagamento da dívida (bem, pelo menos já temos aqui uma vantagem). Mas, sem sistema económico, também não há sociedades complexas, não há mercados, voltamos ao sistema de caçadores-recolectores e do salve-se quem puder. O problema não está no conceito de sistema económico, está, sim, no conceito de um sistema económico INDEPENDENTE de um sistema ecológico, que é porventura a mais terrível falácia e erro de percepção que já alguma vez quisemos tornar em dogma.

Em resumo, sem capital natural, amplamente desconsiderado, não contabilizado, ignorado em termos da sua importância para o cálculo mais realista de riscos, ameaças e fragilidades sociais e económicas, não é possível sustentar a formação de capital humano, cultural, tecnológico ou económico. E à vossa/nossa pequena escala, enquanto país, para mim é claro: sem uma economia alicerçada na gestão sustentável do capital natural não é possível apostar numa especialização e diferenciação competitiva, na inovação tecnológica que poderá gerar novos processos industriais nem tampouco criar condições para um sistema de partilha justa e equitativa de valor de bem-estar e oportunidades de desenvolvimento entre nós e as gerações futuras.

E é aqui que entra a ‘hipótese Braveheart’. Eu não aceito curvar-me perante a alegada inevitabilidade da entrega do poder de (nos) governar a agentes externos pouco sensíveis para as questões realmente essenciais para o nosso bem-estar, não aceito submeter-me a uma ditadura da dívida que nos quer obrigar a beijar a capa dos nossos (legítimos?) credores em troca de uma misericórdia miserabilista, não acredito que a única forma de crescermos enquanto sociedade é sermos ‘competitivos’ por sermos tão pobres que aceitaremos condições precárias e indignas para garantir a nossa existência e a dos nossos entes queridos, actuais e futuros, não me curvo perante a tortura experimentalista que nos tenta fazer confessar mea culpa, que foi mesmo da nossa febre (?) de consumo que nasceu esta crise vergonhosa sem culpados sujeitos às mais elementares regras de justiça.

E não, não ficarei calado a ver tudo isto num país que tem as duas condições mais essenciais para reformar o seu sistema económico: capital natural e capital humano. E então, mesmo sabendo que há muito que o algoz decidiu o nosso destino, inspirado pelos ares de Edimburgo e pela figura mítica de William Wallace, me encho de atrevimento e fé para gritar ‘LIBEEERDAAAADEEEEE!’

Nuno Gaspar Oliveira
Investigador no CIGEST e docente no ISG Business & Economics School

Não só nos detalhes…

Passar a responsabilidade das nossas acções, pensamentos, desejos e ambições para um ser disforme e assustador que nos invade a mente e alma e corrói a nossa bondade e piedade até dela só sobrar pó e ferrugem é algo que nos convém. Vivemos num mundo em que o diabo se esconde nos detalhes, mas não só, parece andar à solta e à vista desarmada mas, no entanto, quase não se dá por ele.

Muitas vezes, confrontados com uma situação inesperada ou estapafúrdia, damos por nós a exclamar a célebre expressão “mas que diabo…?”. E a pergunta é mesmo essa: que diabo? Para um não crente, como é o meu caso, a personagem em causa não se trata de um ser meio caprino a guardar lagos de fogo ou a instruir feitiços a mulheres solteiras, mas sim algo de mais complicado. Trata-se da personificação daquilo que nós somos capazes de fazer de pior uns aos outros…

Ambrose Bierce, no seu célebre e mui satírico volume intitulado ‘Dicionário do Diabo’, dizia sobre o dito-cujo que seria “o autor de todos os nossos infortúnios e proprietário de todas as coisas boas deste mundo”. Ao que parece nós, humanos, temos um sistema curioso de juízo de nós próprios, profundamente assimétrico quando se trata de medir o que fazemos e o que os outros nos fazem. Oscar Wilde foi mais longe ao afirmar “somos o nosso próprio diabo, e fazemos deste mundo o nosso inferno”. Senão, pergunto eu, como justificar as atrocidades cometidas em nome da virtude, da verdade e até do divino? Ao que consta nos livros de história, nunca nenhum exército marchou para o campo de batalha em nome do diabo. Como podemos nós então ser tão cegos a tudo o que há de maleficente em nós e tão atentos em tanto que há de mal nos outros? Será que é mais confortável desculpabilizar o nosso instinto básico de sobrevivência, egoísmo e autodefesa com o argumento da tentação de terceiros mais ou menos sobrenaturais?

William Blake, na sua obra épica ‘O Casamento do Céu com o Inferno’ introduz na lista de provérbios infernais: “a vergonha é a capa do orgulho”. De forma semelhante, já Agostinho da Silva, no genial volume ‘Sete cartas a um jovem filósofo’ assumia que “[de] Entre as palavras e as ideias detesto esta: tolerância. É uma palavra das sociedades morais em face da imoralidade que utilizam. É uma ideia de desdém; parecendo celeste, é diabólica; é um revestimento de desprezo, com a agravante de muita gente que o enverga ficar com a convicção de que anda vestida de raios de sol”. Afinal, precisamos mesmo de um demónio abissal para justificar a facilidade com que o nosso comportamento se extrema perante condições extremas como a riqueza, poder ou luxúria? Santo Agostinho traça o mapa do inferno quando define os sete pecados capitais, sendo que São Tomás de Aquino o redesenhou talvez já recorrendo a uma espécie de GPS medieval mais orientado para o que sabia do homem do que S. Agostinho saberia do diabo. Numa passagem em particular, S. Tomás refere que a filha da inveja chamada Sussurratio (murmuração) é, pura e simplesmente, o rumor de inveja. E tantas vezes Sussurratio se passeia entre nós e nos alimenta fantasias e desejos de vingança que mal damos por ela. O mal está sempre fora de nós, e como tal, pode e deve ser expurgado recorrendo a todos os meios, dos mais clementes aos mais, hummm, chamemos-lhe assertivos, conforme descrito meticulosamente na obra ‘Malleus Maleficarum’, conhecido popularmente por ‘Martelo das Bruxas’, compilado e escrito por dois inquisidores dominicanos, com base na bula Summis desiderantes, emitida pelo Papa Inocêncio VIII em 1484 e que deu fama e louvor a Torquemada. Por sua vez, personagens como Torquemada, Nero, Hitler ou Madoff fazem-me repensar seriamente na existência de algo que transforma o ser humano no que de mais bruto, perverso e vil pode existir sobre este céu. De facto, Shakespeare alertou-nos para a necessidade de estar atento à facilidade com que o homem corrupto pode manipular a verdade a seu favor, escreveu o Bardo um dia: “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.

E como nos convém, passar a responsabilidade das nossas acções, pensamentos, desejos e ambições para um ser disforme e assustador que nos invade a mente e alma e corrói a nossa bondade e piedade até dela só sobrar pó e ferrugem. E mais fácil personificar a perversão maligna nos Black Sabbath, H.R. Giger ou na Casa dos Segredos do que em quem está do outro lado do espelho. Como escreveu Goethe em ‘Fausto’: “um homem vê no mundo aquilo que carrega em seu coração” e nem sempre é claro ou aceitável o que vai no coração de cada um de nós, especialmente sob grande pressão ou stress, ou quando embebido na oportunidade de realizar os seus desejos de poder e ganância.

Oliver Stone em ‘Wall Street’ mostrava-nos um Gordon Gekko (representado magistralmente por Michael Douglas) que sabia o que representava vencer no mundo da alta finança, com o célebre discurso “greed is good”. Será assim tão difícil imaginar que não há anjos caídos nem monstros sulfurosos a sussurrar como colocar activos tóxicos no mercado, especular sobre a dívida soberana de países em desenvolvimento particularmente ricos em recursos, a usar a falácia do crescimento económico para destruir ecossistemas vitais para a vida de todos na Terra, a aceitar como faits-divers e normal o comércio de crianças e mulheres para fins de escravatura e de abuso, a desmistificar a ‘aldrabice’ das alterações climáticas ou a argumentar os pequenos detalhes legais que impedem que os grandes desastres ambientais (como o Deep Horizon no golfo do México) e sociais (como a perda de centenas de vidas humanas em acidentes em fábricas de têxteis no Bangladesh) sejam compensados por quem os provoca (e quem protege quem os provoca)? Vivemos num mundo em que o diabo se esconde nos detalhes, mas não só, parece andar à solta e à vista desarmada mas, no entanto, quase não se dá por ele.

Nietzsche alertava: “Quando o Diabo fica silencioso, até o nome perde”, mas Baudelaire foi muito mais certeiro quando escreveu: “o maior truque do diabo é o de convencer o mundo de que não existe”. Pessoalmente, prefiro seguir os ensinamentos de Fyodor Dostoyevsky, na sua obra magnífica, ‘Os Irmãos Karamazov’: “O mais assustador é que a beleza é misteriosa assim como terrível. Deus e o diabo lutam nela e o campo de batalha é o coração do homem”. Assim queiramos nós escolher um justo vencedor e louvar toda a beleza deste mundo.

Nuno Gaspar de Oliveira | Investigador no CIGEST e docente no ISG Business & Economics School

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O Medo e as Marcas

A relação das marcas com as emoções tem sido objeto de estudo exaustivo, mormente as emoções positivas; uma vez que estas contribuem positivamente para o crescimento da ligação emocional às marcas e à sua correspondente associação de valores positivos.

O que não ainda não havia sido estudado era o impacto do medo na ligação emocional às marcas. Lea Hunter Dunn, fê-lo recentemente num artigo publicado no Journal of Consumer Research.

Neste artigo cientifico a autora demonstra que o medo é um sentimento partilhado com outros seres humanos e, na ausência destes, é estabelecida uma relação emocional com as marcas presentes no momento em que o sentimento ocorre. Refere ainda que esta relação emocional é mais forte do que as relações provocadas por uma experiência alegre, triste ou excitante.

Esta descoberta alarga o papel das marcas, pois não servem apenas para informar, distinguir, garantir e contribuir para a definição da identidade dos seus consumidores, mas também desempenham, face às conclusões deste estudo, um papel social de apoio. Por exemplo, numa situação de medo da solidão, as marcas presentes estabelecem com o consumidor uma relação emocional forte a atenuam a sensação.

Na Sociedade em que vivemos, onde a solidão, a pressão, a indiferença ao próximo e até uma certa agressividade, estão cada vez mais presentes; os medos têm uma presença assídua. Assim, os marketeers não devem ignorar esta recente descoberta mas utilizá-la para apoiar os seus consumidores numa relação de benefício mutuo.

Estará a sua marca presente em situações de medo dos seus consumidores? Que marcas o apoiam nos seus medos? Estas e muitas outras perguntas similares devem agora ser investigadas e respondidas.

Artigo de opinião, Imagens de Marca
Escrito pelo Docente do ISG – Mestre António Jorge

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A Liderança Blue Ocean

O conceito Blue Ocean notabilizou-se com o livro “Blue Ocean Stategy” de Renée Maugborne. Em Maio deste ano a autora publica, na Harvard Business Review, um artigo com o título Blue Ocean Leadership.

Trata-se de um artigo de elevada relevância para o marketing e para a gestão, porquanto se baseia na constatação de que o desempenho das organizações está hoje dependente do grau de envolvimento dos colaboradores e que este, por sua vez, depende fortemente da performance dos gestores.

De facto, segundo a autora, citando um artigo da Gallup, apenas 30% dos colaboradores estão verdadeiramente envolvidos no projeto e objetivos da empresa, 50% “entregam o seu trabalho” à empresa sem qualquer proactividade e 20% estão descontentes, não compreendem o seu papel e/ou “remam mesmo contra a maré”.

Esgotado o paradigma de eficiência por via da otimização organizativa e processual, a oportunidade de alavancar os resultados empresariais passa agora por estratégias de maior envolvimento dos colaboradores. Para o efeito, dois fatores ganham extrema relevância: (1) os gestores que têm um contacto direto com os seus colaboradores e (2) a comunicação interna que complementa esse contacto direto.

A liderança Blue Ocean, abre-nos assim uma janela de oportunidade para melhorias de produtividade, de qualidade e de valor de marca; pelo que recomendo uma leitura crítica ao artigo.

Artigo de opinião, Imagens de Marca
Escrito pelo Docente do ISG – Mestre António Jorge

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