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Resmas de ciência em paletes

Resmas de ciência em paletes

A ciência deve fluir por si própria e encontrar legitimidade na descoberta, no avanço e na verdade. São ideias, práticas e conceitos à espera de descobrir o seu erro e estabelecer novas verdades.

A produção científica portuguesa triplicou nos últimos dez anos. Esta evolução é ainda mais notória se recuarmos vinte ou trinta anos.

O número de doutoramentos tem idêntica evolução, o que mostra uma correlação positiva entre a obtenção do grau e a consequente produção.

As progressões na carreira académica, para recrutamento ou ocupação de vagas para professor catedrático, valorizam basicamente as publicações de “papers” em revistas internacionais. Este critério seria absolutamente correcto na contratação de investigadores.

A experiência docente, as unidades curriculares leccionadas, as universidades por onde passou, a gestão académica, a participação em reformas curriculares, direcções de escola e departamentos, conselhos científicos e pedagógicos, orientação de teses, júris de mestrado e doutoramento, etc., são remetidos para 2.º e 3.º planos. Existe internacionalmente uma obsessão em avaliar o ensino superior através das publicações do corpo docente. No actual sistema de avaliação dos professores, que as agências de acreditação querem transformar em investigadores (sim, são carreiras diferentes reconhecidas pela lei), um professor não precisa nem deve ensinar. Deve só publicar e, infelizmente, sobretudo, fingir que faz ciência. A generalidade dos “papers” fica a ganhar pó nas prateleiras e a sua publicação está actualmente transformada num negócio de rede. As principais revistas científicas cobram as publicações aos autores. Os “papers” são publicados quase todos em co-autoria. A obsessão é tal que vários professores publicam “papers” às centenas, muitas vezes em co-autoria com estudantes a quem orientam as dissertações de mestrado ou teses de doutoramento. Há também quem tenha uma boa rede de “amigos” ou colaboradores nas universidades e que consegue que todos publiquem por todos e coloquem os nomes uns dos outros em co-autoria: Hoje publico eu. Amanhã publicas tu. Hoje coloco o teu nome como co-autor. Amanhã colocas tu. E assim se faz “ciência”, com muitas temáticas batidas, citações de citações, revisões bibliográficas de revisões bibliográficas ou problemáticas que não são mais do que a mera constatação do óbvio e a sua respectiva prova científica.

Certo é que, em todo o âmbito científico, existem áreas do saber e do conhecimento que não são de todo comparáveis, pela importância e necessidade permanente de investigação. O ensino superior deve ter obviamente uma relação directa com a produção científica, mas não se deve esgotar nela. Onde fica a transmissão do conhecimento? Não se pode utilizar as mesmas métricas para ciências laboratoriais (química, biomédica, biologias, física, saúde, engenharias diversas) e para ciências sociais ou o direito. A ciência deve fluir por si própria e encontrar legitimidade na descoberta, no avanço e na verdade. São ideias, práticas e conceitos à espera de descobrir o seu erro e estabelecer novas verdades. Não pode nem deve ser forçada. Publicar por publicar não acrescenta valor à ciência: torna-a redundante, como começa a acontecer. É a cultura da não ciência e a deturpação da universidade e da academia.

Director do ISG – Business& Economics School

Artigo publicado a 01/10/2018 em Jornal de Negócios

Empreender no medo

Empreender no medo

O medo[1] muitas vezes impede-nos de fazer coisas e funciona como um inibidor da nossa ação, mas a contrario sensu também funciona como propulsor de novas ideias e gerador de decisões para problemas que aparentemente não têm solução.

Temos vários episódios da nossa história moderna em que o medo, como estado emocional que é, faz com que o ser humano desencadeie os mecanismos físicos que levam em muitas situações ao confronto e a procurar mecanismos que resultem na resolução imediata da situação que provoca esta emoção.

Naturalmente, que há situações em que o medo ultrapassa a resposta física e condiciona a pessoa do ponto de vista psicológico, mas aqui o que nos interessa é analisar de que forma é que é relevante ou não empreender no medo, o que é que isso significa na realidade e qual o benefício que tem tido para a humanidade em geral e para o mundo dos negócios em particular.

Já aqui escrevemos, por diversas vezes[2], que são vários as emoções e os factos objetivos que moldam a vontade do empreendedor. No entanto, estamos habituados a analisar e a caracterizar o empreendedor com base nas suas competências intrínsecas ao desenvolvimento desta arte[3] mas, efetivamente, os fatores externos são determinantes e, igualmente, relevantes para a arquitetura da respetiva vontade.

Regra geral, o medo é percecionado como não sendo gerador de nada de positivo. Sendo assim, para o empreendedor, pessoa que tem na sua vontade, garra e determinação o ADN do sucesso, seria uma emoção a nunca ter em consideração, mas se analisarmos a “guerra” que está instalada neste momento em Portugal entre os táxis e a Uber percebemos que o medo que estes últimos têm de serem agredidos e de verem os respetivos carros destruídos só tem feito com que fortaleçam a vontade de continuarem com o negócio.

Ao contrário do que possamos pensar, empreender no medo pode, por vezes, gerar ideias de negócio relevantes para o futuro da vida humana. Veja-se, a título de exemplo, tudo o que tem sido feito no domínio da investigação científica no que diz respeito a tornar viável a vida fora do planeta Terra em virtude do medo que o nosso planeta se torne inabitável.

Assim, empreender no medo tem sido em muitas áreas positivo e fundamental para a nossa continuidade!

Como em tudo o que interessa, é a perspetiva com que interpretamos os conceitos e a forma como olhamos para o mundo à nossa volta que conta!

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[1] me·do |ê| (latim metus, -us) substantivo masculino
Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários. = FOBIA, PAVOR, TERROR 2. Ausência de coragem (ex.: medo de atravessar a ponte). = RECEIO, TEMOR ≠ DESTEMOR, INTREPIDEZ 3. Preocupação com determinado facto ou com determinada possibilidade (ex.: tenho medo de me atrasar). = APREENSÃO, RECEIO 4. [Popular] Alma do outro mundo. = FANTASMA “medo”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. https://dicionario.priberam.org/medo
[2] http://linktoleaders.com/empreender-na-humildade
[3] http://linktoleaders.com/a-arte-de-empreender

“Think outside the box” ou “pensar fora da caixa”

“Think outside the box” ou “pensar fora da caixa”

Mas afinal o que é a caixa? A expressão “Think outside the box”- TOB – entrou em força nas últimas décadas para o nosso vocabulário quotidiano.

Ouvimos com frequência que é necessário pensar fora da caixa para conseguirmos gerar valor para as organizações, que as boas ideias surgem quando se pensa fora da caixa, que é preciso aprender a “pensar fora da caixa”… Mas, afinal, o que significa o chavão “Think outside the box”?

Blendinger e McGrath (2000) definem “Think outside the box” como a capacidade de resolução de problemas que todos os indivíduos possuem quando pensam de forma diferente daquilo que é mais evidente e expectável, denominado frequentemente de pensamento convencional. Pensar e resolver os problemas de forma não convencional de modo a gerar valor não é mais do que a essência do conceito de criatividade.

Frequentemente, nas empresas, os colaboradores são convidados a pensar “fora da caixa” de forma a contribuir para a geração de novos produtos, processos ou serviços, visando atingir da melhor maneira os objetivos da organização. Deduzimos então que a “caixa” (box) representa o pensamento convencional, a forma como normalmente, automaticamente, fazemos as coisas. Ora se a “caixa” representa o pensamento convencional e o “fora da caixa” representa o pensamento não convencional (mais criativo), pensar fora da caixa sugere que se saiba o que é o pensamento dentro da caixa. O que está na caixa? São os conhecimentos no domínio, as competências específicas, a motivação para a tarefa?

De acordo com o Modelo Componencial da Criatividade, uma das mais eminentes e compreensivas teorias da criatividade, Amabile (1983) perspectiva a criatividade como uma integração de factores múltiplos, como a motivação para a tarefa, a capacidade e conhecimento relevante num domínio, as competências que incluem um estilo cognitivo caracterizado pela complexidade e não rigidez, o conhecimento de heurísticas e um estilo de trabalho concentrado e enérgico.

Também numa investigação recente, de que sou co-autora (Almeida, Iberico Nogueira, & Lima, 2018), onde foram feitos estudos de análise factorial confirmatória de um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação do potencial criativo (TCT-DP- Test for Creative Thinking-Drawing Production), os resultados sugeriram uma correlação entre os factores Inovação e Adaptatividade, o que reforça a importância das duas formas de pensar no desempenho criativo, duas formas de pensamento, uma mais convencional e outra menos convencional, indissociáveis e subjacentes à criatividade.

Desta forma, se queremos ser criativos, precisamos, para além das 1) competências específicas do pensamento criativo como, por exemplo, a flexibilidade e a imaginação, precisamos também de 2) sólidos conhecimentos técnicos, procedimentais e instrumentais no domínio específico em que queremos ser criativos, bem como de 3) motivação para ser criativo ou para criar. Todos estes componentes são indispensáveis à criatividade. Uns estão “dentro da caixa”, como os sólidos conhecimentos técnicos, procedimentais e instrumentais num domínio específico do saber; outros estão fora da caixa, como a flexibilidade e a imaginação (pensamento divergente), outros ainda poderão alternar entre o fora e o dentro da caixa, como a motivação.

Ou seja, para sairmos da caixa teremos primeiro que saber estar dentro dela e prepararmo-nos e fortalecermo-nos com tudo o que lá está dentro. Esta é a minha reflexão sobre o que está fora e dentro da caixa. Qual é a sua?

* Leonor Almeida, professora associada, coordenadora do Mestrado em Gestão do Potencial Humano do ISG.

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Referências
Almeida, L., Ibérico-Nogueira, S., & Lima, T. (2018, July). In the path of Two Tracks of Thought: A Structural Model of the Test for Creative Thinking-Drawing Production (TCT-DP), over the school years in Portuguese context. 16th ICIE conference 2018 on Excellence, Innovation, & Creativity in Basic-Higher Education & Psychology – University Paris Descartes, July 3-6, 2018.

Amabile,T.M. (1983). The social psychology of creativity. New York: Springer-Verlag.

 

Artigo publicado a 14/09/2018 em Link to Leaders

DIREITO: SEU SIGNIFICADO E ESSÊNCIA

DIREITO: SEU SIGNIFICADO E ESSÊNCIA

O epíteto “Direito”, como qualquer outra palavra, pode acarretar vários significados, uns mais importantes que outros. Quando digo por exemplo que tenho que pagar direitos pela importação de um bem, estou a utilizar correntemente a denominação num determinado sentido, mas existem três denotações principais que são relevantes e que caracterizam a importância do mesmo.

Já vimos e analisámos em artigos anteriores o conceito e elementos do Direito, designadamente o Sistema de normas coercivas destinado a regular as relações humanas (serve precisamente para permitir a convivência e a resolução de conflitos que entretanto surjam numa sociedade) no interior de uma determinada área geopolítica, ou dito de outra forma, um sistema de regras de conduta sociais assistido de protecção coativa (são obrigatórias, dispondo de uma punição estadual caso não sejam cumpridas).

Deste modo, um dos seus significados é precisamente a sua definição, isto é, as próprias regras de comportamento aplicáveis de forma impessoal e abstrata a todos os membros da comunidade, situando-se acima e destinado a esta. Estamos assim perante o direito objetivo ou se quisermos, a norma de atuação, sendo por ela que existem direitos e deveres adstritos aos indivíduos.

Como consequência dos comportamentos regulados, cada sujeito possui então as tais garantias que não podem ser desrespeitadas por terceiros nomeadamente o poder de agir, a faculdade de adotar certas atitudes ou seja, o direito subjetivo (a pessoa jurídica em concreto usufrui do gozo de algo, derivado da permissão que o direito objetivo lhe dá).

É o caso por exemplo do direito que tenho de poder utilizar o meu automóvel devido à existência de preceitos jurídicos que regulam o direito de propriedade de uma coisa, ou da possibilidade de me poder proteger de uma iminente agressão já que se a mesma acontecer, verei violado o meu direito geral à integridade física.

Temos ainda um terceiro sentido já supra referido mormente o estudo do Direito nos dois termos enunciados, ou se quisermos, a ciência que se dedica à percepção científica deste conceito. E uma das questões fulcrais é a compreensão daquilo que deve ser considerado como direito positivo e natural visto verificarem-se situações que nunca deveriam ser admitidas numa sociedade, porque são adversas à dignidade natural do homem, uma das finalidades do Direito e provavelmente a principal.

Direito positivo é assim aquele que está estatuido, que se encontra em vigor, enquanto Direito natural é o que devia vigorar, conferindo humanamente legitimidade ou ilegitimidade ao primeiro mas que poderá não ser adotado por este. Olhe-se para a escravatura ou mais atualmente para a pena de morte em alguns territórios, aceites e preceituadas pelas disposições jurídicas, mas transgressoras da natureza humana.

Direito natural será verdadeiro Direito se certa Sociedade o reconhecer, vejamos o direito à vida (a própria pena de morte visa castigar a inobservância desta condição) que será simplesmente um princípio, uma regra moral, caso se entenda não ter relevância jurídica. Mas tenhamos em atenção que o Direito é criado pelas mentalidades dominantes da sociedade em cada período temporal, podendo os preceitos de direito natural numa área geopolítica, em certo momento, não serem considerados prevalentes e por isso não aplicáveis.

Miguel Furtado
Docente Universitário

Resmas de ciência em paletes

Ensino superior: que tendências de evolução?

O número de candidatos registado na 1.ª fase do concurso nacional de acesso foi inferior ao registado no ano passado. Para 2018/2019 candidataram-se 49.624 estudantes face aos 52.580, em 2017/2018.

Este valor não tem relação direta com o grau de dificuldade dos exames nacionais, mas sim com a redução de alunos verificada no 12.º ano, que passou, em igual período, de 90.467 para 87.765.

Uma ressalva especial merece a taxa de natalidade no ano 2000 (alunos que completam 18 anos de idade em 2018, maioria dos candidatos ao ensino superior) que foi a mais elevada dos últimos 20 anos. Ainda assim, o número de candidatos baixou, tendência que se deverá continuar a verificar, com especial agravamento a partir do ano de 2024.

No entanto, apesar de mais de 56,5% dos alunos do 12.º ano serem candidatos ao ensino superior, o número de colocados na 1.ª fase desceu pela primeira vez nos últimos cinco anos. Foram colocados 89,1% dos candidatos, mas em número absoluto representa 43.992 colocações, ou seja, menos 922 colocados face a 2017/2018. Ainda assim, sobram mais de 7.000 vagas no ensino superior público, para a segunda fase do concurso. Praticamente metade das colocações referem-se aos cursos de engenharias, ciências empresariais e saúde, em linha com o número de vagas. Continuam a existir muitos cursos sem alunos ou com menos de cinco colocados na oferta do ensino superior público em várias universidades e politécnicos. Um destaque especial também para o facto de Lisboa, Porto e Coimbra acolherem mais de 30% do total dos candidatos, mesmo apesar da redução de vagas nas instituições de ensino superior de Lisboa e Porto.

O número de estudantes internacionais, que têm estatuto próprio, deverá ultrapassar os 5.500 (acréscimo superior a 20% face a 2017), muito em especial devido ao crescente número de estudantes de nacionalidade brasileira a optar por estudar em Portugal. Ainda que se mantenha esta tendência de grande crescimento, dificilmente poderá compensar a quebra de estudantes portugueses, devido às quebras de natalidade que irão afetar os próximos anos, obrigando a redefinição da rede e dos subsistemas de ensino superior, público e privado, universitário e politécnico.

Director do ISG – Business& Economics School

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Artigo publicado a 13/09/2018 no Jornal de Negócios

ISG PROMOVE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS

ISG PROMOVE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS

A gestão de projetos e por projetos e programas tornou-se uma prática corrente das organizações públicas e privadas, independentemente do setor e da dimensão.

A necessidade de responder, com eficiência e eficácia, a novos desafios do contexto nacional e internacional, apresentando soluções inovadoras e de valor reconhecido pelos mercados, tem conduzido os executivos de topo a decidir qualificar profissionalmente muitos dos seus colaboradores como gestores de projetos, programas e portefólios.

Está demonstrado que as competências em gestão de projetos e a organização por projetos potenciam o desenvolvimento e a competitividade das empresas.

Assim, o ISG foi das primeiras escolas de negócios em Portugal a criar um curso de pós-gradução universitária em gestão de projetos que aprofunda áreas do conhecimento como: gestão estratégica; gestão da mudança; negociação e desenvolvimento de equipas; gestão das partes interessadas (stakeholders); gestão económica e financeira (business case); gestão da qualidade, ambiente e segurança; gestão da informação e comunicação; gestão do risco; gestão das aquisições e contratos.

Através de metodologia teórica-prática e utilização de ferramentas informáticas os participantes elaboram cronogramas e orçamentos de projetos e utilizam técnicas avançadas de monitorização e controlo de tempos e custos, em ambiente de equipa de projetos, desenvolvendo a perícia do saber-fazer, com apoio de especialistas da área (professores universitários e gestores de projetos certificados com elevada experiência profissional).

No fim do curso, os participantes estão preparados para obter uma certificação profissional com reconhecimento internacional junto de entidades acreditadas como o Project Management Institute (PMP – Project Management Profissional ou CAPM – Certified Associate in Project Management) ou a International Project Management Association (CPM – Certified Project Manager ou CPMA – Certified Project Management Associate) e serem membros associados da Associação Portuguesa de Gestão de Projetos (APOGEP).

Professor Eng. Manuel Veludo, Coordenador Científico da Pós-Graduação em Gestão de Projetos do ISG

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