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Determinantes da Procura

Determinantes da Procura

Depois de mais uma época alta de festas, desde o Natal até à entrada num novo Ano, encontramo-nos num período de saldos. Em qualquer um destes momentos temporais assistimos e participamos numa euforia consumista quer em certos momentos com objetivos externos (presentes para terceiros) quer noutros com finalidades internas (benefícios para nós) e movimentados por necessidades próprias ou relacionadas com motivos de estatuto, aparência, amizade, sensibilidade ou outros.

No entanto, independentemente das razões apresentadas, existem definidos economicamente vários determinantes que nos levam a consumir e que portanto, afetam a nossa procura/demanda por um determinado bem ou serviço, sendo obviamente um deles e de modo prioritário, o correspondente preço.

Assim, mantidos os restantes fatores constantes, quanto mais elevado for este menor será a quantidade procurada e quanto menor for o mesmo, mais se consumirá, verificando-se pois uma relação negativa entre as duas variáveis preço e quantidade, tendo tal conjetura a designação de lei da procura através de um movimento ao longo da correspondente curva o que acontece sempre que as duas condições se alteram.

Tal ocorre porque se o preço aumentar mantendo-se por exemplo o nosso rendimento, perdemos poder de compra ou o interesse por entendermos que certo bem ou serviço não usufrui da utilidade relativa ao novo valor, o que provoca uma diminuição da quantidade demandada. Excepcionalmente, dois tipos de bens não obedecem a esta lei visto a relação entre preço e procura ser positiva, nomeadamente os bens de Giffen e de Veblen.

Os primeiros, por serem igualmente bens inferiores (caso da salsicha – se o preço reduz vamos restringir o seu consumo para utilizar este dinheiro na aquisição de um bem melhor) e os segundos, por possuírem um fundamento de ostentação (caso de uma jóia ou de um automóvel topo de gama – quanto maior for o preço mais interesse temos em obter o bem pela sua exclusividade ou pelo estatuto que adquirimos).

Outro dos fatores que influencia a nossa procura é o rendimento que dispomos ou se quisermos, o nosso poder de compra. Por regra, quanto mais receita temos mais poderemos gastar devendo destacar-se três modalidades de bens, os normais, os superiores e os inferiores.

Nestes termos, se gozamos de capacidade financeira iremos assegurar os produtos que percepcionamos como plenamente satisfatórios das nossas necessidades isto é, que habitualmente entendemos como mais adequados (bens normais – são a maioria dos bens, caso de uma viatura automóvel para as nossas deslocações com maior conforto e celeridade). Logo, quanto maior for o nosso rendimento mais bens normais consumiremos em conformidade com o mesmo.

Todavia, se a ampliação da demanda de certo bem é mais que proporcional ao nosso rendimento encontramo-nos perante um bem de luxo ou superior designado igualmente, conforme supra visto, como bem de Veblen (comparativamente ao bem normal e como já indicado, uma viatura automóvel topo de gama) sucedendo uma relação positiva entre incremento do rendimento e procura destes dois bens já que o crescimento dos ganhos aumenta a quantidade procurada proporcional dos mesmos (bem normal) ou mais que proporcional (bem superior).

Contudo e em contradição com a relação positiva entre rendimento e procura, surge-nos o bem inferior (também denominado como bem de Giffen) cujo acréscimo do rendimento baixa a sua quantidade demandada aumentando a mesma se a capacidade financeira decrescer. Ou seja, se sofrermos uma diminuição da nossa receita teremos que a guardar na garagem ou desfazermo-nos da nossa viatura automóvel e deslocarmo-nos de transportes públicos (bem inferior).

Temos igualmente o preço do bem relacionado, vigorando neste coeficiente duas novas categorias de bens, os substitutos e os complementares. Nos primeiros, quando o custo deste bem aumenta é substituído por um seu similar, caso da manteiga e da margarina ou da carne de vaca e de frango. Ou seja, se o preço da manteiga ou da carne de vaca for incrementado aumentará a procura por parte dos consumidores por margarina e carne de frango respectivamente, que desempenham a mesma função. Deste modo, os bens ou serviços que tiverem um acréscimo no seu valor serão trocados por outros semelhantes.

Quanto aos bens complementares cuja utilidade é potenciada pela utilização cumulativa de ambos, a subida do preço de um provoca a diminuição dos dois e vice versa, como é o caso do aumento da cotação dos combustíveis e a correlativa queda da compra de automóveis ou a elevação da importância a pagar relativa à batata frita e a consequente descida do consumo de bifes ou hamburgueres.

Manifesta-se assim uma relação positiva entre o preço de um bem e a quantidade procurada do seu bem substituto já que o preço e a quantidade se modificam no mesmo sentido (subida do preço do bem e ampliação da quantidade procurada do seu substituto, descida do preço do bem e decréscimo da quantidade procurada do seu substituto) sendo esta negativa quanto à complementaridade visto as duas variáveis se alterarem em direção inversa (acréscimo do preço do bem provoca menor utilização do seu complementar e abaixamento do seu montante pecuniário origina dilatação do uso do complementar).

A dimensão do mercado ou seja, o número de interessados em adquirir um certo bem ou serviço influencia também obviamente o seu preço e a quantidade isto é, quanto mais habitantes uma região possuir maior será a sua procura. Não existirão desta forma dúvidas de que haverá por exemplo, mais procura por serviços de restauração num Centro Comercial do que num local isolado, devendo o restaurante instalado na Grande Superfície apostar mais em preços baixos enquanto o segundo na qualidade gastronómica.

A demanda é inclusivamente afetada pelas influências especificas, nomeadamente épocas como a do Natal/Ano Novo onde nos deliciamos por exemplo com sonhos, rabanadas, bolo rei ou azevias de grão, ou condições climatéricas ou demográficas que nos fazem utilizar vestuário mais quente no inverno e mais leve no verão, chinelos e fatos de banho em zonas de praia, botas de montanha em áreas de serra e guarda-chuvas em momentos de precipitação.

Ficando ainda a procura dependente das nossas expectativas, negativas ou positivas. Diga-se que nada de momento se verificou e é possível que nem aconteça mas encontramo-nos à espera que determinada situação suceda. Se formos optimistas ou tivermos motivos pela análise do meio envolvente começamos de modo antecipado a aumentar a nossa procura, caso da forte esperança numa melhoria do ordenado ou de progressão na carreira. Mas se formos pessimistas ou tivermos a percepção adversa, iremos dosear a correspondente demanda por forma a não sermos apanhados desprevenidos.

Por fim, os gostos. Estes representam uma variedade de interferências, culturais, históricas, religiosas e encontram-se relacionados com o meio envolvente onde nos encontramos inseridos e são fortemente subjetivos porque dependem especificamente das nossas preferências. Um judeu por exemplo, não come carne de porco considerando-a inclusivamente impura, os indianos não comem carne de vaca pois é sagrada, os chineses alimentam-se de cão ou gato, ficando na prática qualquer um dos outros determinantes subjugados a este último.

Isto é, se não gostarmos de peixe, é irrelevante se baixa ou diminui de preço, se existe algum bem que o substitua ou complemente, se dispomos de rendimento para o adquirir ou se o mesmo é consumido nalgum evento que frequentemos, como é o caso da festa da sardinha em Portimão, pura e simplesmente nenhum dos fatores nos influenciará na menor ou maior demanda do bem ou serviço pois simplesmente não o procuraremos.

No que se refere às mutações na curva da procura e ao contrário do que se verifica no preço do bem ou serviço, cuja alteração de valor modifica por efeito consequente a quantidade demandada através de um movimento ao longo da própria curva, em qualquer um dos outros fatores analisados (rendimento, preço do bem relacionado, dimensão do mercado, influência específica, expectativa e gosto) a única variável que sofre oscilação é a quantidade já que o preço inicialmente se mantém, ocorrendo desta forma uma deslocação da curva da procura, para a direita se a medida demandada aumentar e para a esquerda se a mesma diminuir.

Assim, se ambos os pressupostos (preço e quantidade procurada) forem alvo de modificação ocorre um movimento do ponto inicial ao longo da curva da demanda para um novo ponto na mesma curva, para cima e para a esquerda se o preço acrescer e a proporção em decorrência decrescer ou para baixo e para a direita se o preço baixar e a proporção em resposta subir. Caso a razão da alteração seja um dos outros motivos mantendo-se o montante a pagar pelo bem ou serviço (com mudança apenas na dimensão procurada), sucederá uma deslocação da curva do local em que se encontrava para um outro mais à direita ou à esquerda, em conformidade com o explicado no parágrafo anterior.

Miguel Furtado
Professor Universitário

ISG prepara nova edição da pós-graduação em RH

ISG prepara nova edição da pós-graduação em RH

Com início agendado para fevereiro, a pós-graduação em Recursos Humanos do ISG destina-se a licenciados e visa transmitir aos participantes a capacidade de desenvolverem uma visão global e integrada da gestão do capital humano.

O ISG-Instituto Superior de Gestão está ultimar mais uma edição do curso de Pós-Graduação em Recursos Humanos. Dirige-se a licenciados nas áreas de economia, gestão, contabilidade e finanças, que pretendam atualizar ou desenvolver os seus conhecimentos nos domínios da contabilidade financeira, contabilidade analítica, fiscalidade e adquirir novos conhecimentos de ética e deontologia.

Com a coordenação científica de Casimiro Ramos e de Leonor Almeida, docentes do Instituto Superior de Gestão, a Pós-Graduação tem início marcado para 18 de fevereiro, em horário pós-laboral, e terá uma duração total de 150 horas. Após o curso, os participantes podem requer equivalências para o mestrado em Potencial Humano.

Proporcionar aos participantes a capacidade de desenvolverem uma visão global e integrada da gestão do capital humano e dotá-los de um conjunto de ferramentas e técnicas fundamentais para a gestão e avaliação eficaz das pessoas nas organizações, é o objetivo da edição 2019 da Pós-Graduação.

Artigo publicado em Link to Leaders

Euro: cara ou coroa? (20 anos depois) – Europa: sim ou não?

Euro: cara ou coroa? (20 anos depois) – Europa: sim ou não?

Alguns economistas, saudosistas dos bancos emissores nacionais e das taxas de inflação de dois dígitos (como nos anos 80 em Portugal), muitos deles outrora defensores da Moeda Única, culpam agora o Euro das recentes crises europeias.

A Moeda Única Europeia fez já 20 anos em 2018. Utilizada nos primeiros três anos de existência apenas nos mercados financeiros e em pagamentos escriturais, depressa chegou à utilização corrente nas transações dos europeus. É hoje a segunda moeda mais importante no mundo e é a moeda oficial de 19 dos 28 países da UE.

A existência de uma Moeda Única para o desenvolvimento do projeto europeu é tão necessária hoje como foi há 20 anos. Cumpridos os critérios de convergência nominais (taxa de inflação e défice orçamental abaixo dos 3%, dívida pública até 60% do PIB e taxa de juro de longo prazo reduzida) permitiu aos países a adoção do Euro. As bandas de flutuação destes valores foram mantidas com alguma relatividade, abrindo-se claramente a exceção ao montante da dívida pública, em especial nos países do sul da Europa.

O Euro permitiu aos agentes económicos assimilarem com mais facilidade uma cultura europeia, nas transações, nos documentos, na comparabilidade de contas facilitada. As famílias, as empresas e os estados ganharam um primeiro estado de construção europeia. As opiniões sobre o sucesso do Euro acolhem a quase unanimidade dos principais especialistas nacionais e internacionais. Para o presidente do Eurogrupo, trata-se de um sucesso europeu mas que carece de reformas, em especial através da União Económica e Monetária.

Alguns economistas, saudosistas dos bancos emissores nacionais e das taxas de inflação de dois dígitos (como nos anos 80 em Portugal), muitos deles outrora defensores da Moeda Única, culpam agora o Euro das recentes crises europeias.

Há mais de 20 anos escrevi um artigo na Revista Indústria da CIP sobre as probabilidades que Portugal teria em cumprir os critérios nominais de Maastricht e adotar o Euro. Felizmente cumpriu. Felizmente adotou.

O grande problema é que o projeto europeu caminhou no final dos anos 90 e no início do século XXI, a um ritmo espantoso, para depois ter estagnado por completo e ter lançado a Europa numa verdadeira crise de instituições e sobretudo de falta de objetivos comuns e entraves infundados de alguns estados-membros.

A verdade é que uma Moeda Única deve ser o corolário final da integração económica (e política) e não o início do processo, como espantosamente sucedeu. Pouco tempo depois da criação da política monetária comum, como consequência do Euro, seria de todo imprescindível ter-se avançado para a criação de uma política orçamental comum, o que não aconteceu e teve como consequência os atuais desequilíbrios entre os países e o cada vez maior afastamento da convergência real (não nominal), objetivo último da U.E.: aproximação dos níveis médios de vida dos cidadãos europeus. A economia é um instrumento para este fim e não um objetivo último.

Uma política monetária centralizada num banco central comum (BCE) só é eficiente a prazo quando combinada com uma política orçamental, também ela comum. O mesmo será dizer, que os impostos diretos (para os mesmos níveis de rendimento) e indiretos (mesmos impostos e iguais taxas) devem ser comuns na Europa, para empresas e também para famílias. Só assim se podem combater desequilíbrios e conflitos de interesse dos diversos países e falar em competitividade europeia; só assim será possível combater “fugas” de empresas dentro da Europa, instalando as sedes onde pagam menos impostos; só assim será possível acabar com a dívida pública de cada estado-membro e criar uma dívida europeia comum; só assim haverá justiça e equidade no pagamento de impostos sobre o rendimento; só assim haverá justiça nos preços ao consumidor europeu.

A questão europeia é atualmente muito mais ideológica do que económica, mas que reside numa decisão política arrojada, como foi há vinte anos a Moeda Única: ou se avança para uma política orçamental comum ou é o princípio do fim do ideal da Europa social e económica, como começa a evidenciar sinais.

Diretor do ISG – Business& Economics School

Jornal de Negócios a 03/01/2019

Programa “Vulcanus no Japão”

Programa “Vulcanus no Japão”

Inscreva-se neste Programa de Estágios industriais no Japão para a UE e COSME, destinado a estudantes universitários de engenharia, alta tecnologia ou outros campos científicos.

O programa também inclui um curso intensivo de japonês.

O Vulcanus começa em setembro de 2019 e dura um ano.
Prazo para inscrição: 20 de janeiro de 2019

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