22 Fevereiro, 2018
O recente relatório da OCDE sobre o ensino superior conclui o que há muito já se sabia. Em Portugal, as universidades portuguesas têm professores envelhecidos, doutorados a menos e docentes em situação laboral precária.
Destaca ainda a instabilidade do financiamento das mesmas, desajustado dos seus objetivos. Dir-se-ia até que em Portugal, infelizmente, a realidade do ensino superior faz lembrar cada vez mais a do ensino secundário.
Uma nota de realce do relatório é a falta de mobilidade de docentes entre universidades. Os professores de carreira acabam por se licenciar, mestrar e doutorar na universidade onde estudam e onde ficam depois a lecionar, não permitindo a inovação e a adoção de culturas diferentes entre as diversas instituições. A experiência docente em várias universidades deverá claramente ser um valor acrescentado a ter em conta, na valorização curricular de um professor, que em Portugal é ignorada pelos avaliadores, na generalidade dos casos “formatados” numa só universidade, o que claro, limita a sua visão além do que conhece.
O relatório defende ainda a atribuição de doutoramentos nos politécnicos e sublinha ainda que os cursos, em geral, têm estruturas rígidas e são orientados para profissões específicas, sem promover ou desenvolver “competências de que os alunos necessitam numa economia moderna”.
Infelizmente em Portugal, por pressão internacional absolutamente questionável, as entidades reguladoras e a tutela continuam a olhar para o ensino superior em função dos interesses dos professores e não em função dos alunos.
A A3ES em dez anos de existência foi incapaz de diferenciar/regular a oferta formativa dos politécnico e das universidades. Apesar de existirem cursos superiores de oferta exclusiva em universidades, a verdade é que também existem cursos iguais nos dois sistemas, sem efetiva distinção para os alunos e para os empregadores.
Depois, mais grave, existe a grande obsessão das publicações, uma vez que a carreira de investigador foi rapidamente confundida com a de professor universitário.
As universidades parecem estar doentiamente obcecadas em publicar para produzir “ciência em paletes” (a maior parte redundante e desinteressante, mas que alimenta este “negócio”, pago na generalidade dos casos), para que possam aparecer em “rankings” e para que os professores possam rapidamente progredir nas suas carreiras e preencher as suas plataformas com mais e mais publicações.
Mas entretanto, o seu foco essencial – transmitir conhecimento, ensinar a questionar, formar bons cidadãos – parece absolutamente irrelevante. A pedagogia, a relação humana, nada relevam.
Para os seguidores desta política, parece que a mera existência de alunos numa universidade é uma grande “maçada”. Imagine-se: ter de se ensinar numa universidade. Onde já se viu? Os alunos parece que só incomodam neste ideal doente e deturpado de “universidade” e transtornam o regime de clausura e de “umbigo” que é produzir investigação para publicar, publicar, publicar.
As avaliações da tutela e da A3ES apontam para contratação e valorização de investigadores pois só as publicações valorizam o currículo, como se a universidade se resumisse a um centro de investigação. A A3ES desvaloriza a existência de professores nas universidades. Parece que o ideal seria a universidade não ter professores nem alunos. Só investigadores.
Já escrevi diversas vezes sobre este assunto e tenho constatado que a generalidade dos investigadores (carreira que sempre existiu paralelamente à de docente universitário) não são professores.
Independentemente de terem de investigar e obter os seus graus académicos, também os professores não devem ser obrigados a ser investigadores. Trata-se de uma carreira dupla? Já não falo das funções inerentes à docência universitária como participar na gestão da escola, mas porque se trata de uma questão de apetência e de competências próprias de ser um bom comunicador e motivador dos estudantes.
A universidade é academia, socialização e crescimento humano e não deve ser feita de pseudo-intelectualidades de investigação em cativeiro.
Diretor do ISG – Business & Economics School
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
20 Fevereiro, 2018
Em artigos anteriores explicamos a relevância, significado, tipologias e fundamentos do direito. Depois desta percepção e maturação de ideias vamos nesta semana conhecer as finalidades prosseguidas pelo direito, dividindo-se as mesmas em três, nomeadamente a justiça, os direitos do homem e a segurança jurídica.
Deste modo, o termo justiça dispõe de vários sentidos, podendo ser inclusivamente algo arbitrário, mas aquele que nos importa para o artigo em concreto diz respeito aos direitos equitativos que cada um de nós deve usufruir, de acordo com aquilo que fizemos ou possuímos. É, se quisermos, como já diziam Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino, a vontade permanente e constante de dar a cada um o direito que lhe pertence.
Esta pode derivar da proporcionalidade (distributiva), sendo correcto alguém ter mais que outro se porventura o merecer (por exemplo, um discente que estude e se dedique mais, é justo que tenha notas melhores) ou da igualdade (comutativa), que regula as trocas realizadas (as coisas devem ser identicamente trocadas, sem dolo de nenhuma das partes, independentemente das diferenças entre elas, caso da venda de um automóvel pelo preço considerado legitimo).
Nos primórdios, considerava-se a justiça somente uma simples virtude, com maior preponderância portanto, no campo da moral, vindo com a evolução da sociedade e com a maior essencialidade dada aos direitos humanos, transformar-se num valor ético efectivo. Devido ao tal aperfeiçoamento referido do grupo social, o dito direito natural (aquele que deveria vigorar pela simples existência da dignidade humana, mas que na prática raramente acontecia) passou quase na íntegra a ser imperativo e por isso, aplicado.
Assim, o homem, que antes era visto em muitas das suas variantes como uma coisa (lembremo-nos da escravatura) e logo, um membro da natureza como outro qualquer, tornou-se em certo momento, a principal medida e assim a fonte de toda a lei. Tal acontece porque o mesmo é dotado de consciência, razão e liberdade (interpretação filosófica) e é feito à imagem e semelhança de Deus, o Criador (interpretação teológica).
O grande ponto de viragem, que estipulou a atribuição substancial de importância da dignidade de todo o ser humano (com direitos inalienáveis e sagrados como a vida, liberdade e busca de felicidade) foi a elaboração da Declaração Universal dos Direitos do Homem no fim do século XVIII, sucedendo-se posteriormente muitos outros instrumentos.
Por fim, para que o ser humano consiga viver com a sua dignidade e garantias inerentes, precisa de confiar na ordem normativa direito, sendo necessária a segurança por parte desta. Nestes termos, a finalidade “segurança jurídica” tem como funções fundamentais proporcionar uma vivência estável e pacifica na correspondente civilização (estado de ordem e paz), onde cada um conheça os seus direitos e deveres e as consequências decorrentes dos comportamentos realizados (certeza jurídica).
Deve ainda salvaguardar os cidadãos perante a autoridade pública que pode por vezes, devido ao deslumbramento do poder, tornar-se prepotente e arbitrária, violando desta forma os fundamentos e restantes propósitos descritos.
Tais finalidades visam assim permitir que todos os cidadãos, sem qualquer tipo de discriminação e em respeito ao princípio da dignidade humana, usufruam da adequada integração na sociedade onde se encontram inseridos.
Miguel Furtado, Professor do ISG
19 Fevereiro, 2018
Na próxima quinta-feira, dia 22 de Fevereiro de 2018, pelas 14h30, acontece no ISG, a Sessão “À Conversa com o Diretor do ISG, Professor Miguel Varela”, seguida de uma visita às instalações por parte dos alunos do 12ºAno do Real Colégio de Portugal, e do 2º AVE (11ºAno) e 2ºAC (11ºAno) da Escola de Comércio de Lisboa, na sala 0.12, no piso 0.
PROGRAMA
14h15: Receção e Boas vindas dos Alunos
14h30: À Conversa com o Diretor do ISG, Professor Doutor Miguel Varela
15h10: Visita às instalações do ISG
16h00: Fim
#SOUDACASA!
Amanhã será a tua escola!
16 Fevereiro, 2018
Andreas Schleicher, diretor da OCDE(1), esteve em Portugal na passada sexta-feira e deixou sérias advertências ao ensino português.
Na apresentação pública dos resultados da avaliação pela OCDE dos sistemas de ensino superior, ciência, tecnologia e inovação (2016-2017)(2), que foi feita a pedido do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, foi apresentada a radiografia de parte do nosso sistema educativo e as conclusões devem merecer da nossa parte uma atenção redobrada.
Das várias notas deixadas destaco as feitas a propósito das políticas de investigação e inovação, assim como acerca do projeto-piloto de Autonomia e Flexibilidade Curricular(3) e a sua ligação ao regime de acesso ao ensino superior(4).
É do conhecimento generalizado que Portugal tem um défice estrutural de doutores e que apesar de ter aumentado o número de doutorados o mesmo não teve reflexo no registo de patentes por parte das empresas portuguesas, bem como, no crescimento da investigação entre as universidades e o tecido empresarial português. Ou seja, a questão dos doutorados é muito endogâmica pois não há bolsas disponíveis para bolseiros que venham do estrangeiro para Portugal (e que podiam com o tempo alterar a nossa cultura empresarial que preza pouco a qualificação).
No domínio do ensino não superior, a verdade é que alterámos a duração da escolaridade obrigatória(5), mas ainda não conseguimos que o abandono escolar se tornasse virtual, assim como não temos a maioria qualificada dos nossos diplomados do ensino secundário a prosseguir estudos no ensino superior(6). Importa anular a dificuldade de acesso que é criada aos alunos do ensino profissional. Não é legítimo que haja alunos com um acesso preferencial ao ensino superior em detrimento de outros. O princípio da igualdade dá a todos os cidadãos igualdade de oportunidades.
Da intervenção de Schleicher fica, igualmente, o aviso de que teremos de reorganizar o sistema de exames no ensino secundário. Isto porque, para a OCDE o que é verdadeiramente relevante é o domínio das aprendizagens por parte dos alunos e o conjunto de competências que conseguem reter ao longo dos doze anos em que estão integrados na escolaridade obrigatória.
É verdade que ainda há muito para fazer, mas devemos celebrar o salto civilizacional que demos em menos de cinquenta anos e que estará ao alcance de poucas nações.
A vontade demonstrada ao longo dos vários governos, bem como, o movimento de mudança criado por todos os “stakeholders” conseguiu transformar Portugal num Estado onde a educação e as políticas do conhecimento estão no centro da agenda política e mediática e isso é, per si, um grande sinal do nosso índice de desenvolvimento!
(1)http://www.oecd.org/
(2)”OECD Review of the Tertiary Education, Research and Innovation System in Portugal (2016-2017)”
(3)http://www.dge.mec.pt/autonomia-e-flexibilidade-curricular
(4)http://www.dges.gov.pt/pt/pagina/legislacao-referente-ao-concurso-nacional-de-acesso-e-ingresso-no-ensino-superior-publico
(5)Passou de nove para doze anos.
(6)https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+real+de+escolariza%C3%A7%C3%A3o-987
Administradora do ISG | Instituto Superior de Gestão e do Grupo Ensinus
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Publicado a 15/02/2018 in Jornal de Negócios
14 Fevereiro, 2018
No âmbito do I Ciclo de Conferências do GACE, vai decorrer no próximo dia 22 de fevereiro, nas instalações do ISG | Instituto Superior de Gestão, uma Conferência destinada ao tema “Os Direitos Económicos dos Consumidores”.
Consulte a Nota Informativa
9 Fevereiro, 2018
Durante os dias 14, 15, 16 e 17 de março, o ISG irá, novamente, marcar presença na Futurália.