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O Prémio Mercúrio e do comércio – mitologia ou realidade

O Prémio Mercúrio e do comércio – mitologia ou realidade

Durante dois anos, o Prémio Mercúrio esteve ausente da vida do comércio português, mercê das vicissitudes por que passou a sociedade portuguesa em geral e o comércio em particular como consequência da crise da dívida soberana.
Para a mitologia romana, Mercúrio é o deus do comércio e a perceção que dele guarda o imaginário coletivo é positiva pois simboliza o lucro, que advém dos negócios, e a inteligência do saber-fazer (1) coisas úteis para o indivíduo e para a sociedade.

Vem isto a propósito da realização da Gala do Prémio Mercúrio (2), que tem como promotores a CCP – Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (3) e a Escola de Comércio de Lisboa (4).

Foram distinguidas personalidades – área prestígio e área personalidades –, bem como, lojas na área do comércio alimentar, do comércio não alimentar, das empresas com história, dos serviços, da economia digital, do “franchising” e dos novos conceitos.

Este ano, realizou-se a 6.ª edição do prémio e os olhos já estão postos em 2018.

Durante dois anos, o Prémio Mercúrio esteve ausente da vida do comércio português, mercê das vicissitudes por que passou a sociedade portuguesa em geral e o comércio em particular como consequência da crise da dívida soberana.

O seu regresso tem implícito uma ordem de fatores muito diversificada, mas identicamente relevantes em que a primeira é de ordem institucional e reside no facto de o comércio ter voltado a ter um representante no XXI Governo Constitucional (5); a segunda prende-se com o crescimento exponencial da Escola de Comércio de Lisboa e com a diversificação das qualificação oferecidas no quadro do ensino não superior português e que resultou num fortalecimento da parceria com a CCP – Confederação do Comércio e Serviços de Portugal. O engajamento destas duas entidades oferece ao sistema educativo português a contribuição para a consolidação do objetivo quatro (6) da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável(7). Por último, a melhoria do ambiente económico permite às famílias voltarem a consumir.

Virámos a página a um dos piores momentos da economia portuguesa e eis que chegou o momento de celebrarmos de novo o comércio e de premiarmos quem faz bem!

Entendemos que estão reunidas as condições para voltarmos a comemorar sob os auspícios de Mercúrio! É tempo de dar aos comerciantes a possibilidade de darem asas ao sonho do deus Mercúrio, permitindo que o comércio volte a ter um papel central na vida de todos nós!

Entendemos que com a gala dos Prémios Mercúrio a mitologia se transforma em realidade, pois aliamos a tradição à modernidade e o rigor à inovação. A visão que Mercúrio tinha acerca do comércio e do papel dos comerciantes está bem patente nos galardoados desta e das edições anteriores.

Acreditamos que 2018 se revelará arrojado e encaramos com confiança a 7.ª edição!

(1) Intimamente ligado ao Facere, na terminologia jurídica.

(2) https://www.premiomercurio.com

(3) http://www.ccp.pt/CCP/pt-PT/CCP.aspx

(4) http://newsite.escolacomerciolisboa.pt/home

(5) https://www.portugal.gov.pt/pt/gc21/area-de-governo/economia/secretarios-de-estado?i=adjuntoedocomercio – Secretário de Estado Adjunto e do Comércio

(6) https://nacoesunidas.org/pos2015/ods4 – Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos.

(7) https://nacoesunidas.org/tema/agenda2030/

 

Administradora do ISG | Instituto Superior de Gestão e do Grupo Ensinus

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Liderança Envolvente – Um novo conceito de Liderança

Liderança Envolvente – Um novo conceito de Liderança

A evolução do estudo das organizações, numa ótica de gestão racional, coloca a liderança a par das diversas áreas do comportamento organizacional, tais como: a motivação, a comunicação, a gestão de conflitos, o planeamento de funções, os processos em grupo, as atitudes e o comportamento individual.

Estando todas estas áreas interligadas e interdependentes torna-se difícil ou até impossível dizer que uma delas é preponderante em relação às restantes.Todavia, a dificuldade de encontrar uma “receita” racional através da qual seja possível construir líderes de sucesso, tem tornado esta área um campo privilegiado de investigação e uma procura constante pelos gestores em conseguirem melhorias técnicas para melhorarem o seu desempenho.

Sucede porém, que nem os líderes nem os liderados conseguem controlar racionalmente todos os seus comportamentos e na maioria dos casos, ao invés do que se possa crer, os comportamentos exprimem-se de forma irracional.
A perspetiva que explica o comportamento humano pelas “forças” irracionais é bastante recente e baseia-se no funcionamento do cérebro “primitivo” (réptil) do ser humano vindo ao arrepio das linhas de investigação na continuidade de Erasmus, segundo o qual se deveria dispensar a emoção e dar lugar à razão.

As teorias que sustentam o domínio do comportamento irracional sobre o racional, mas que pode ser utilizado de forma inteligente, começou a dar os primeiros passos nos anos 20 do século passado com os trabalhos de Edward Thorndike que usou, à época, o termo “inteligência social”. A primeira designação, académica, de “inteligência emocional” só ocorreu em 1985 com as investigações de Wayne Payne. E, a notoriedade do tema, bem como a relevância que tem vindo a assumir no estudo dos comportamentos, só foi alcançada em 1995 com o livro de Daniel Goleman – Inteligência Emocional.

De acordo com os seus estudos, o domínio das emoções sobre o cérebro racional explica por que razão se consegue uma empatia com determinadas pessoas, ajudando ao trabalho em conjunto, ou a razão porque apesar de determinadas pessoas possuírem um Q.I. elevado e competências técnicas qualificadas, não conseguem ter sucesso no comando de pessoas.
Assim, Daniel Goleman identifica cinco aptidões chave da inteligência emocional: o autoconhecimento, o autocontrolo, a automotivação, a empatia e a aptidão social
As três primeiras aptidões estão relacionadas com o próprio indivíduo e são fundamentais para o desenvolvimento das restantes (empatia e aptidão social), nomeadamente na relação de cada um com os demais e que são determinantes nos comportamentos de liderança.

São estas duas habilidades que enchem uma personalidade com energia positiva perante as pessoas com quem se convive. Saber ouvir, respeitar opiniões, perceber o que os outros sentem, quais as suas fraquezas, como poder ajudá-los, são tudo qualidades que se vêem nos grandes líderes e que fazem toda a diferença.
Os estudos mais recentes sobre inteligência emocional têm demonstrado que os líderes que têm um nível mais elevado de Inteligência Emocional obtêm melhores resultados, aumentam a produtividade e a satisfação dos seus colaboradores e que é através da inteligência emocional que se explica a liderança transformacional.
A esse nível de capacidade de liderança, em que o líder cria uma relação empática e mecanismos de motivação focados nas necessidades emocionais dos colaboradores, devemos chamar-lhe Liderança Envolvente.

Na verdade, o nosso centro emocional acaba por ser a história da nossa vida. Saber lidar com ele é também a resposta ao que nós próprios sentimos. E, sentindo-nos melhor com nós mesmos, podemos ser: melhores alunos, melhores professores, melhores profissionais, melhores líderes. Enfim, melhores pessoas.
*Coordenador do Mestrado em Gestão do Potencial Humano do ISG – Instituto Superior de Gestão

Capital Humano

Capital Humano

Basta ver um telejornal ou folhear um qualquer papel de imprensa, principalmente em épocas de campanha eleitoral, para nos depararmos com queixas relativas à condição de vida por parte dos cidadãos e a promessas feitas pelos partidos quanto à melhoria do bem estar desses, casos por exemplo da diminuição do desemprego ou da aposta em melhor educação ou formação.

Aliás, cada vez mais, num mundo com tendência a uma maior globalização e concorrência interfronteiras, esta problemática assume contornos de prevalência, sendo uma das prioridades de qualquer país e governo, investir na maior qualificação dos trabalhadores, de modo a permitir o incremento da sua produtividade e um maior crescimento económico ao respectivo território, tendo em vista poder angariar maior receita pública e por sua vez, diminuir o peso do seu défice, com a consequente melhoria do bem estar e qualidade de vida.

No entanto, apesar do investimento em formação e educação, porque vai existindo uma maior discrepância de rendimentos entre os vários indivíduos, não auferindo o operário da construção civil uma remuneração similar à do médico, ou uma secretária o mesmo montante monetário de um advogado? E porque é tão essencial continuar a aumentar este investimento?

A principal explicação reporta-se ao ponto de equilíbrio do mercado, nomeadamente à oferta e procura, que está interligada directamente à produtividade de cada trabalhador. As empresas procuram sempre maximizar o lucro e portanto, só contratam recursos humanos até à altura em que obtêm ganhos efectivos, dependendo assim a maior ou menor procura por esses, da contribuição marginal que proporcionarem à respectiva entidade.

Quanto maior for a produtividade dos mesmos, mais a instituição sairá beneficiada, acrescendo desta forma as condições remuneratórias para os mais prolíficos (os intitulados salários de eficiência) e demandando mais mão de obra. Por isso, nos sectores onde a oferta de trabalho excede a procura, as recompensas laborais obviamente descerão por excesso do correspondente factor de produção e facilidade na sua contratação, verificando-se o efeito adverso quando existe escassez de recursos humanos e portanto, dificuldades em encontrar colaboradores com qualidade para desenvolver certa função pretendida pela empresa.
Veja-se a conjectura dos médicos, que usufruem de certas regalias devido à sua insuficiência ou dos pressupostos muitas vezes degradantes dos operários da construção civil, pelos motivos contrários. Mas quais os outros determinantes que afectam directamente essa variação? Um deles é precisamente o tal investimento nos próprios recursos humanos através da instrução, que possibilitará um desenvolvimento das aptidões inatas possuídas, o que provocará consequentemente uma melhor prestação.

É por isso que se torna presentemente inevitável, numa economia globalizante como a nossa, dotar os trabalhadores das indispensáveis ferramentas para fazer face à renhida e agreste concorrência vinda de todo o planeta. Diga-se pois, que um dos factores que interfere numa cada vez maior diferenciação entre trabalho qualificado e não qualificado, aumentando crescentemente o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, incluindo áreas geopolíticas, é justamente o comércio internacional, acrescido da evolução sistemática do progresso tecnológico.

O maior ou menor crescimento económico aflui da correcta combinação das suas causas, necessitando obviamente as entidades de pessoas que saibam manejar correctamente o novo capital excogitado e aproveitar o mais adequadamente os recursos naturais ainda existentes, incluindo a melhor forma de os salvaguardar para utilizações futuras. A propagação na educação ou na formação é deste modo um pilar fundamental, que contribui amplamente na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e dos Estados, não só a nível profissional e económico, mas igualmente em termos sociais e inclusivamente de realização pessoal.

Todavia, a estes determinantes já analisados, devem acrescentar-se prioritariamente outras três variáveis, que os despotelam, designadamente o talento natural, o esforço desenvolvido e a sorte. Como é fácil de perceber, nem todos por melhor preparação ou sacrifício que tenham, conseguem alcançar certas pretensões. Tal acontece por falta de determinadas características essenciais não usufruídas, as denominadas capacidades inatas ou vocação. Olhe-se por exemplo para uma equipa de futebol, onde se deparam remunerações completamente diversas, apesar de uma formação semelhante.

No entanto, não basta ter talento, é preciso trabalha-lo e o seu maior ou menor aproveitamento, dependerá sempre, além do necessário acompanhamento educativo ou formativo, do empenho utilizado pelo seu possuidor. Por fim, o factor sorte, que apesar da sua dificil mensurabilidade é algo essencial para o sucesso, podendo ser vista de várias formas.

A própria propensão inerente, enquadrada numa área mais rentável, caso por exemplo de alguém com queda para o futebol ou medicina e a possibilidade de exercer adequadamente a mesma, aparecendo nos lugares certos nos momentos oportunos. Quem conseguir complementar correctamente esses determinantes usufruirá de maiores recompensas, verificando-se o inverso na situação contrária.

Miguel Furtado, Docente do ISG

Luiz S. Marques: “A ‘Turbulência’ na Aviação Comercial”

Luiz S. Marques: “A ‘Turbulência’ na Aviação Comercial”

A aviação comercial, isto é, a aviação regular paga, operada por companhias aéreas, sempre viveu em turbulência.
Nos últimos seis anos, os resultados positivos em ascensão, foram, em 2016, de 34.8 mil milhões de dólares de receita, numa facturação de 705 mil milhões de dólares, para transporte 3.8 mil milhões de passageiros.
Durante o corrente ano, registou-se, só na Europa, o colapso da Monarch, Air Berlim e Alitalia.

Uma forte ‘tempestade’ afecta a Norwegian Air Internacional (NIE) e a Ryanair, (12ª companhia mundial e 4ª Europeia).
O proteccionismo estatal na Europa, durante cerca de 50 anos, evitou desastrosos desfechos na aviação, mercado de ‘glamour e prestígio’, ocorridos noutras Regiões, mas servindo um reduzido número de passageiros, devido aos elevados preços. Os prejuízos eram pagos pelo Estado, ou melhor, pelos contribuintes.

Warren Buffet fez a seguinte observação: «se o voo inicial dos irmãos Wright tivesse caído, o futuro dos investidores nas companhias de aviação teria sido muito melhor».
A indústria da aviação veio a sobreviver e introduziu o paradigma económico-liberal, numa abertura de horizontes.
As companhias de aviação, no ‘credo dos mercados’, passaram a correr riscos financeiros, de concorrência e defrontam o dilema: a obtenção de lucros, pelo menos comparável às outras indústrias, versus preços baixos, exigidos pelo mercado, num clima de forte concorrência.

Ao expandir-se às massas, diversificou-se o mercado de uma forma cada vez mais segmentado, exigindo mais dos modelos de transporte aéreo. As companhias de baixos custos, (LCC), ‘no frills‘, um transporte apenas de acordo com condições exigidas pela segurança, operaram uma ‘revolução’, por volta dos anos 2000.
Em 2008, refeitos os danos causados pelo 9/11 de 2001, voltou-se ‘à normalidade’, sinónimo de ‘uma vigilância constante’ e agravamento de tempos e custos.

Os LCC, modelos minimalistas, como a Ryanair, ou híbridos, como Easyjet, de estrutura horizontal, adaptaram-se facilmente a eventuais mudanças ou funções requeridas. Segundo os seus parâmetros, cumprem escrupulosamente horários e a entrega das bagagens é feita atempadamente.
As companhias tradicionais, de serviço completo, não comportam mudanças rápidas de planeamento, dado o sistema burocrático, vertical. O pessoal é inflexível em horários e funções, condições agravadas pelo ‘direitos adquiridos pelo pessoal’.

A falta de mobilidade é, de certo modo, compensada pelo recurso às tecnologias, como o CRM, (Customer Relationship Management), que permite ‘adivinhar’, podendo alterar-se uma escolha, sem custos, em tempo real, de acordo com as expectativas do cliente.

Nesta resenha apenas nos referimos a alguns aspectos relevantes sobre tipos de companhias de aviação sem nos termos referido à sua sustentabilidade económica.
As causas das perturbações na aviação comercial e as provocadas pelo Brexit, o impacto da legislação Norte-americana, a concorrência chinesa e o progresso asiático, a adaptação das companhias tradicionais aos novos tempos, são pontos que pretendo tratar noutros artigos.

 

Luiz S. Marques, Docente convidado do ISG – Revista Cargo

Capital Humano

Tipologias do Direito

O termo Direito, como qualquer outra palavra, pode acarretar vários significados, uns mais importantes que outros. Quando digo por exemplo, que tenho que pagar direitos pela importação de um bem, estou a utilizar correntemente a denominação num determinado sentido, mas existem três denotações principais que são relevantes e que caracterizam a importância do mesmo.

Já vimos e analisámos num artigo anterior, o conceito e elementos do Direito, o sistema de normas coercivas destinado a regular as relações humanas (serve precisamente para permitir a convivência e a resolução de conflitos que entretanto surjam numa sociedade) no interior de uma área geopolítica, ou se quisermos, um sistema de regras de conduta sociais assistido de protecção coactiva (são obrigatórias e vinculativas, dispondo de uma possível intervenção da força estadual, caso não sejam cumpridas).

Ora, uma das acepções é precisamente a sua definição, isto é, as próprias regras de comportamento aplicáveis de forma impessoal e abstracta a todos os membros do grupo, situando-se acima e destinado a este. Estamos assim perante o direito objectivo, ou se quisermos, a norma de actuação, e é devido a ela que existem direitos e deveres particulares adstritos aos individuos.

Como consequência dos comportamentos regulados, cada sujeito possui então as tais garantias que não podem ser coarctadas por terceiros, nomeadamente o poder de agir, a faculdade de adoptar certas atitudes, ou seja, o direito subjectivo (a pessoa jurídica em concreto usufrui do gozo de algo, derivado da permissão que o direito objectivo lhe dá). É o caso por exemplo, da utilização do meu automóvel devido à existência de preceitos que estatuiem o direito de propriedade ou a possibilidade de actuar em legítima defesa, por dispor da salvaguada da minha integridade física.

Temos ainda um outro sentido, já acima referido, designadamente o estudo do Direito nos dois termos enunciados, ou se quisermos, a ciência que se dedica à percepção deste. E uma das questões mais preementes no debate doutrinal jurídico é a compreensão daquilo que deve ser considerado como direito positivo e natural, pois há situações que nunca deveriam ser admitidas numa sociedade porque são adversas à dignidade natural do homem, uma das finalidades do Direito, matéria que, dada a sua relevância, trataremos num artigo posterior.

Direito positivo é assim aquele que está preceituado, que se encontra em vigor, enquanto Direito natural é o que deveria vigorar, conferindo humanamente legitimidade ou ilegitimidade ao primeiro, mas que poderá não ser adoptado pelo mesmo. Olhe-se para a escravatura, ou mais actualmente para a pena de morte em alguns territórios, aceites e preceituadas pelas normas jurídicas, mas violadoras da natureza humana.

Direito natural será verdadeiro Direito se a Sociedade o reconhecer, vejamos o direito à vida (a própria pena de morte visa castigar a inobservância desta condição) e simplesmente um princípio, uma regra moral, caso se entenda não ter relevância jurídica. Mas tenhamos em atenção que o Direito é criado pelas mentalidades dominantes da sociedade em cada período temporal, podendo as regras de direito natural numa área geopolítica, em certo momento, não serem consideradas prevalentes e por isso, não aplicáveis.

Deste modo, o conceito integral de Direito engloba, além dos três elementos (núcleo interno) e das duas características (núcleo externo) analisados num artigo transacto, a correlação necessária destas quatro tipologias, direitos objectivo, subjectivo, positivo e natural.

Miguel Furtado, Docente do ISG

O Prémio Mercúrio e do comércio – mitologia ou realidade

A cidadania e a educação

O papel da educação em geral e das instituições de ensino em particular tem sido muito discutido desde o final da Segunda Grande Guerra e várias têm sido as organizações e programas criados para o efeito.

A Constituição da UNESCO(1), que foi assinada, pelos trinta e sete países fundadores, a 16 de novembro de 1945, e, entrou em vigor, a 4 de novembro de 1946(2), foi o primeiro grande passo, no âmbito do Direito Internacional Público, para a voz a dar à educação enquanto garante da paz e da concórdia entre os Estados.

Com a fundação da Comunidade Económica Europeia e com os sucessivos tratados que deram origem àquilo que hoje conhecemos como União Europeia, a educação e o conhecimento tiveram desde sempre um papel estrutural na definição de todas as políticas comunitárias. O programa ERASMUS(3) foi desde o início um porta-voz de excelência dos valores europeus, nomeadamente pelas competências que são adquiridas pelas cidadãs e pelos cidadãos que participam nas mobilidades e pelo que isso significa de adesão ao projeto europeu por parte das instituições de ensino, bem como, pelas empresas participantes.

É aceite pela generalidade das pessoas que a cidadania europeia tem nas escolas dos Estados-membros os melhores embaixadores.

Em Portugal, a educação(4) tem sido cada vez mais palco de grandes alterações dogmáticas e legislativas e a discussão acerca da escola enquanto promotor da mudança está desde a Revolução de Abril inscrita em todos os programas do sucessivos governos.

A cidadania e a escola ocupam hoje planos curriculares e centenas de linhas nos diferentes documentos escritos a propósito das referidas reformas. A Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC)(5) é um dos últimos exemplos das políticas públicas de educação no nosso país.

Quando olhamos para o flagelo dos incêndios que têm assolado Portugal desde junho passado, em que a tragédia de Pedrógão Grande e a destruição que assolou a Beira ficará para sempre na nossa memória, percebemos que ainda há muito para fazer na escola.

Desde o programa Eco Escolas aos diversos programas e campanhas pela cidadania, as nossas alunas e os nossos alunos têm efetivamente sido educados para a sustentabilidade e para o respetivo para e com a natureza.

Mas, é preciso ir mais longe. É preciso trabalhar de facto com toda a comunidade educativa. É preciso que as associações de alunos, as associações académicas, as associações de antigos alunos, as associações de pais, os diferentes conselhos que existem nas escolas e nas universidades, inscrevam a cidadania em todas as suas vertentes como eixo estrutural da respetiva missão.

Todos os projetos educativos têm de estar centrados na cidadania, na sua dimensão pessoal e coletiva.

Assim, conseguiremos que a cidadania e a escola sejam simbióticas e estaremos a promover o desenvolvimento da humanidade.
(1) http://portal.unesco.org/en/ev.php-URL_ID=15244&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html

(2) A Austrália, o Brasil, o Canadá, a China, a Checoslováquia, a Dinamarca, a República Dominicana, o Egipto, a Grécia, França, a Índia, o Líbano, o México, a Nova Zelândia, a Noruega, a Arábia Saudita, a África do Sul, a Turquia, o Reino Unidos e os Estados Unidos da América foram os Estados signatários que ratificaram a Constituição da UNESCO.

(3) https://erasmusmais.pt

(4) Ver a este propósito o nosso artigo de 20 de setembro de 2017

(5) http://www.dge.mec.pt/estrategia-nacional-de-educacao-para-cidadania

Administradora do ISG | Instituto Superior de Gestão e do Grupo Ensinus

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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