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Ser feliz no trabalho ou o trabalho de fazer os outros felizes?

Ser feliz no trabalho ou o trabalho de fazer os outros felizes?

Quando perguntamos a qualquer pessoa, e em particular a um jovem que tem o futuro pela frente, qual a seu maior desejo, a resposta mais provável é: ser feliz.

A pesquisa de explicações para a necessidade de alcançar um “estado de felicidade”, um conceito amplo e nunca conseguido na sua plenitude, tem desde há dois mil anos sido um dos focos de estudo das principais disciplinas das ciências sociais, desde a filosofia, a sociologia, a psicologia até à antropologia.

Tal enfoque ganhou ainda maior dimensão a partir do momento que o trabalho passou a ser uma componente da vida humana e não somente algo que era realizado como um meio de satisfazer necessidades ou até mesmo por um mero prazer.

A organização cientifica do trabalho, que surgiu na mudança do modus vivendi do homem recoletor ou comerciante, para um homem máquina que hoje e no futuro foi transformado no homem robotizado, agudizando-se os estados psicológicos de depressão, ansiedade, insegurança e de falta de felicidade, foi criticada pelas primeiras evidências da necessidade de proporcionar felicidade aos trabalhadores, através dos investigadores da Escola das Relações Humanas (Elton Mayo, 1932).

A partir daí e até muito recentemente tem-se tentado explicar que a produtividade é uma variável dependente do estado de motivação dos trabalhadores e, por isso, se vem procurando encontrar razões e técnicas que sejam motivadoras, emboras fiquem as dúvidas sobre o maior o menor sucesso das mesmas.

Muitos investigadores têm-no procurado fazer através da explicação de tipos de liderança ou de organização do trabalho. Todavia, isso também pode ser questionado como sendo um consequente em vez de um antecedente dos resultados obtidos com o desempenho dos trabalhadores.

O que sucede é que, graças ao desenvolvimento tecnológico, foi possível descobrir mais, nos últimos 30 anos, sobre o funcionamento do cérebro, que explicam o estado de espírito dos seres humanos, do que em dois mil anos de investigação através de modelos comportamentais.

Das diversas descobertas, vários estudos de endocrinologistas e neurocientistas explicam o estado de “bem-estar” como um processo biológico desencadeado pelo cérebro que, por consequências das situações vividas no dia a dia, produz um conjunto de substâncias químicas que fazem as pessoas sentirem o estado de felicidade.

Essas descobertas identificam quatro substâncias químicas que, segundo a pesquisadora Loretta Breuning (2012), “quando o cérebro emite uma dessas substâncias, as pessoas sentem-se bem”. Assim, o designado “quarteto da felicidade” é composto pelas seguintes substâncias: Endorfina, Serotonina, Dopamina e Oxitocina.

Segundo a investigadora, se, por um lado, alguns alimentos como o picante ou dançar e cantar, rir ou fazer exercício físico são motivadores da produção de Endorfinas, ou se recordar momentos felizes, apanhar sol ou praticar exercícios aeróbicos são provocador da produção de Serotonina, ou simplesmente rapidamente encontrar um lugar para estacionar o carro provoca a produção de Dopamina, ou ainda se dar e receber presentes provoca a produção de Oxitocina também, por outro lado, o trabalho em equipa é gerador de Endorfinas, o sentir-se importante por reconhecimento social é gerador de Serotonina, o dar um primeiro passo rumo a um objetivo cuja meta é cumprida é geradora de Dopamina e, por fim, construir relações de confiança, dando “pequenos passos” e “negociando expectativas” para que ambas as partes possam concretizar o vínculo emocional é geradora de Oxitocina.

Ou seja, o dia a dia dos seres humanos no relacionamento social, e em particular no trabalho, desencadeia, sistematicamente, processos químicos (que dependem de indivíduo para individuo) que explicam o seu estado de sentimento de bem estar e que o processo motivacional resulta de um estimulo inconsciente (como um vicio) que provoca o gerar de endorfinas.

Dito de outra forma, quando uma chefia felicita (de forma sincera) um colaborador por um trabalho realizado, o estado de bem estar que o colaborador sente resulta de um processo químico automaticamente desencadeado pelo cérebro. Estes processos biológicos são, por isso, também explicativos das teorias sobre a gestão das emoções, no contexto da sistematização efetuada por Daniel Goleman (1990).

Segundo o investigador, se um líder conseguir conjugar as suas capacidades intelectuais com as cinco habilidades emocionais de autoconhecimento, autocontrolo, automotivação, empatia e relacionamento intersocial consegue ser mais eficaz no alcance dos objetivos, fomentar o desempenho com satisfação e realização dos colaboradores e consequentemente aumentar a produtividade e rentabilidade da organização.

Com efeito, as habilidades emocionais sistematizadas por Goleman são as capacidades que uma vez desenvolvidas e treinadas pelos líderes são fomentadoras da produção das substâncias químicas identificadas como quarteto da felicidade, pelo que um líder que consiga criar um elevado nível de empatia e relacionamento intersocial com os seus colaboradores, alcança um nível de envolvência (líder envolvente) que no dia a dia se traduz num estado de felicidade partilhado por toda a equipa (Ramos C., 2018)

Para comprovar estas novas abordagens, a investigadora Leonor Fraga, na sua tese de mestrado em Gestão do Potencial Humano (2019) no ISG, realizou um trabalho empírico com 318 quadros intermédios e superiores de um Instituto Público Português, em que avaliou o contributo para o estado de felicidade originado pelo estilo de liderança, pelas condições de trabalho ou pelo relacionamento e empatia com a chefias.

E os resultados obtidos evidenciaram que 54,1% da amostra concorda ou concorda totalmente com o facto da sua motivação para o exercício das funções resultar da empatia que tem com a sua chefia e que 61,3% concorda ou concorda totalmente quanto ao facto de se sentir motivado porque a chefia partilha as dificuldades do dia a dia e 60,4% dizem que a sua motivação resulta, em grande parte, da forma fácil de relacionamento com a chefia.

Ou seja, esta investigação vem reforçar as abordagens que sustentam que, mais do que os aspetos relacionados com o estilo de liderança e organização do trabalho, os níveis de empatia e relacionamento entre as partes são os que mais contribuem para melhorar os níveis de felicidade (no trabalho).

Em suma, elevado nível de relacionamento e empatia entre as chefias e os colaboradores são sinónimos de intimidade e consequentemente de confiança entre as partes. Os estados de confiança são geradores de tranquilidade, de ausência de pressão psicológica e como tal, proporcionadores de condições naturais para produção das endorfinas da felicidade. Ou seja, um pequeno trabalho que pode fazer os outros felizes.

Casimiro Ramos, Coordenador do Mestrado em Gestão do Potencial Humano do ISG para a LINK TO LEADERS

A CPLP – Uma Esperança Renovada

A CPLP – Uma Esperança Renovada

A existência do Fundo Fiduciário de Emergência para África, que resulta de contribuições dos Estados Membros da UE incluindo Portugal, permitiu a assinatura deste importante acordo que ocorreu durante a cimeira.

Há um ano atrás escrevi nestas páginas um artigo que se intitulava “Somos todos CPLP(1)” a propósito da XII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que se havia realizado na Ilha do Sal.

Hoje, revisito a CPLP e o importante passo que foi dado na XXIV reunião ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que teve lugar no passado dia 19, na Ilha do Mindelo, em Cabo Verde.

Falo do acordo no âmbito da mobilidade há tanto tempo discutido por todos, em particular por Portugal, e do facto ímpar de nesta cimeira ter sido aprovado um documento político a propósito dum tema estrutural para o futuro da Comunidade e de ter sido mandatada uma comissão técnica para concluir, até novembro de 2019, o modelo final de integração comunitária e mobilidade, a aprovar em reunião do conselho de ministros da CPLP, no primeiro trimestre de 2020.

Se estivermos atentos às posições dos diferentes Governos dos Estados Membros percebemos que todos têm posições díspares em relação a este tema. Mas este passo de gigante enunciado no Comunicado Final(2) mostra que há vontade e que há a perceção generalizada que sem uma política uniforme de mobilidade, a CPLP nunca será o verdadeiro espaço da lusofonia, onde não poderão haver barreiras à circulação de pessoas e bens, se queremos ser dominantes na ciência, no ensino, na cultura e na investigação e crescer nas respetivas Balanças Comerciais, nos PIB e nas relações comerciais e industriais.

No sentido de consolidar a questão da mobilidade, Portugal está de parabéns pois a União Europeia delegou no Instituto Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, a gestão do Projeto GESTDOC(3) – Modernização e Reforço da Cadeia de Identificação e Segurança Documental em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, que irá ser implementado até 2022 e que tem como objetivo principal melhorar os níveis de segurança e da gestão das migrações nestes países. A existência do Fundo Fiduciário de Emergência para África, que resulta de contribuições dos Estados Membros da UE incluindo Portugal, permitiu a assinatura deste importante acordo que ocorreu durante a cimeira.

Portugal tem a obrigação de tudo fazer para que os Países de Língua portuguesa alcancem os patamares mundiais cimeiros no crescimento e no desenvolvimento sustentáveis. Creio que os passos dados durante esta cimeira demonstram a vontade da República Portuguesa em cumprir com esse dever histórico e acredito que podemos esperar ótimos resultados atendendo aos ventos favoráveis que sopram desde o Cabo da Boa Esperança!

(1)https://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/teresa-damasio/detalhe/somos-todos-cplp?ref=teresa_damasio_BlocoArtigos

(2)https://www.cplp.org/id-4447.aspx?Action=1&NewsId=8468&M=NewsV2&PID=10872

(3)https://www.instituto-camoes.pt/sobre/comunicacao/sala-de-imprensa/comunicados-de-imprensa/gestdoc-modernizacao-e-reforco-da-cadeia-de-identificacao-e-seguranca-documental-em-cabo-verde-e-na-guine-bissau

Teresa Do Rosário Damásio | Administradora Grupo Ensinus para o Jornal de Negócios

Sobre pontos de exclamação. E economia do desenvolvimento

Sobre pontos de exclamação. E economia do desenvolvimento

Portugal não pode querer ser considerado um país desenvolvido se os países que foram suas colónias no passado se mantiverem no nível de desenvolvimento atual.

Isto para mim é tão óbvio que merecia uns bons pontos de exclamação. Só que agora há para aí tanta crítica ao excessivo uso de pontos de exclamação[1], que me vou inibir de os meter neste texto (e para mim é difícil pois apercebo-me, pela presente abstinência, que sou um hiperbólico exclamador). A exclamação deve ser entoada por quem lê. Por isso, este é daqueles textos em que os leitores devem ler, absorver e, depois, voltar atrás e recriar o texto com a entoação exclamativa que entenderem justificável.

O assunto que aqui trago é simples e resulta deste ano em que estive a lecionar no Instituto Superior de Gestão, entre outras unidades curriculares, a de Economia do Desenvolvimento e em que tive alunos de diversas nacionalidades, designadamente, portuguesa, moçambicana, angolana, italiana, guineense (da Guiné-Bissau e da Guiné-Equatorial), brasileira, espanhola, cabo-verdiana, eslovaca e chinesa. E alguns dos trabalhos desenvolvidos por estes alunos focaram-se na análise à situação de determinados países em termos de desenvolvimento humano, revendo os critérios que constroem o respetivo índice (IDH)[2], como são a esperança de vida à nascença, o PIB per capita e o nível educativo.

Neste pequeno artigo pretendo deixar o alerta e afirmar-me, obviamente, como inquieto quanto ao que afirmo na primeira frase do mesmo. Podemos discutir se crescemos mais ou menos que outros países da Europa ou do Mundo, vendo o copo meio-cheio ou meio-vazio. O facto é que, no relatório de 2018, em 189 países que compõem o índice, Portugal vem em 41.º lugar, inserido no grupo dos países com um índice de desenvolvimento muito alto, com um valor de 0,847, num máximo de 1,000 (o n.º 1, a Noruega, tem um índice de 0,953). Portugal tem tido nos últimos 50 anos um nível de desenvolvimento impressionante e que me faz sentir incomodado por aqueles que dizem que estamos muito mal, e que no tempo-da-outra-senhora é que era, etc. Passando isto, que ficará para outras núpcias (entenda-se, outros artigos) recupero os dados do IDH dos países que foram colonizados por portugueses até ao século XX, por ordem do mais bem classificado para o pior: Cabo Verde (125.º, com um índice de 0,654), Timor-Leste (132.º; 0,625), São Tomé e Príncipe (143.º; 0,589), Angola (147.º; 0,581), Guiné-Bissau (177.º; 0,455), Moçambique (180.º; 0,437). Os quatro primeiros da lista estão no grupo dos países com um índice médio de desenvolvimento e os dois últimos estão no grupo dos países com um baixo índice de desenvolvimento.

Podemos discutir as formas e os níveis de cooperação existentes entre estes países, Portugal e outros países que fazem doações de milhões, muitos das quais revertem para o PIB desses mesmos países. A discussão dentro da academia continua a ser intensa, e o ISG, que promove o desenvolvimento do sentido crítico e investigativo nos seus alunos, não fica alheio à mesma. Assumo que, efetivamente, o desenvolvimento humano passa por muitos fatores, um dos quais é o económico e que um mercado mais livre, com menos barreiras (diretas ou encapotadas) promoverá que Portugal e os países aqui referidos se possam desenvolver muito mais. O objetivo não pode passar pela obsessão em galgar lugares na lista do IDH (até porque isso passaria por verificar que outros países poderiam ficar com as suas populações mais pobres e fragilizadas), mas em que todos os países do Mundo possam evoluir para níveis em que as diferenças entre rácios sejam mínimas.

Um dos livros bastante analisado foi o da economista zambiana Dambisa Moyo[3] que defende a tese que a ajuda ao desenvolvimento como está construída é prejudicial ao desenvolvimento dos países recetores. E que, lá está, a via económica é mais catalisadora do desenvolvimento. Concordando com grande parte desta visão, fica o desafio que se devia colocar aos nossos dirigentes políticos de adaptar mecanismos, por exemplo, de nível fiscal ou de financiamento com apoio público que coloque no mesmo patamar o investimento e os apoios efetuados em Portugal com os feitos nos países referenciados[4]. E, não só facilitar o acesso de alunos estrangeiros às nossas instituições de ensino (por exemplo, sabem os leitores que um aluno estrangeiro que venha estudar para uma escola profissional em Portugal, não tem os mesmos apoios financeiros que os alunos nacionais?), como promover a criação de mecanismos bem estruturados de financiamento dos estudos, com reembolso futuro em função dos rendimentos obtidos. Faça-se um brainstorming e as ideias fluirão.

O desenvolvimento económico destes países deve estar na linha da frente do discurso político. Deixem falar sossegados numa caixa de ressonância os “velhos-do-restelo” que não percebem a big picture. Queremos um Portugal orgulhoso dos seus irmãos. E só podemos considerar-nos bem de saúde se a dos nossos irmãos estiver bem melhor.

[1] https://www.spectator.co.uk/2018/10/thanks-to-trump-the-exclamation-mark-is-having-its-best-year-ever/
[2] http://hdr.undp.org/en/content/human-development-index-hdi
[3] Moyo, Dambisa; Dead Aid: Why Aid Is Not Working and How There is Another Way for Africa; 2009
[4] Ver o exemplo noticiado do REVIVE: https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/turismo—lazer/detalhe/programa-revive-avanca-para-o-estrangeiro

Carlos Vieira, Professor convidado do Instituto Superior de Gestão, para o LINK TO LEADERS

Empregabilidade do Curso de Gestão do ISG, aumenta para 98,1%

Empregabilidade do Curso de Gestão do ISG, aumenta para 98,1%

Foram atualizados, recentemente, os dados oficiais da empregabilidade dos cursos superiores em Portugal. Como é público, tem-se assistido a uma redução generalizada do desemprego, mas o ISG ultrapassou as melhores expectativas.

Atingimos a nossa taxa recorde de empregabilidade: 98,1%, de acordo com os dados oficiais da DGEEC – junho de 2019. 
Nesta área de formação a taxa de desemprego nacional é de 3,9%, enquanto o Instituto Superior de Gestão tem um dos melhores rankings de empregabilidade de Portugal, com apenas 1,9% de desemprego, muito acima da média nacional.

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