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O sucesso das mulheres e a evolução das sociedades

O sucesso das mulheres e a evolução das sociedades

Ainda há um longo caminho a trilhar, pois em média os homens portugueses ganham mais 22,1% do que as suas compatriotas.

No final do mês de março, o Banco Mundial publicou um estudo acerca das “Mulheres, Empresas e o Direito 2019: no mundo dos negócios”; no original: “Women, Business and the Law 2019″(1) e que demonstra que no mundo inteiro as mulheres só têm três quartos dos direitos quando comparados com os homens.

Se analisarmos os dados em termos globais, concluímos que as mulheres na Europa e na Ásia Central têm a melhor situação e que desde 2009 evoluíram de 80.1% para 84,7% em 2018, e que em pior situação estão as mulheres do Médio Oriente e do Norte de África com 44,5% dos direitos em 2008 e com 47,4% em 2018.

Para este estudo foram analisados 187 países com oito indicadores. Na União Europeia os resultados são particularmente animadores pois a Bélgica, a Dinamarca, a França, a Letónia, o Luxemburgo e a Suécia obtiveram a pontuação máxima pois dão direitos idênticos às mulheres e aos homens. A evolução foi substancial pois há uma década não havia nenhum país do mundo onde homens e mulheres tivessem os mesmos direitos.

Na apresentação do relatório, Kristalina Georgieva, presidente interina do Grupo Banco Mundial – referiu que: “Se as mulheres tivessem oportunidades iguais para realizar seu pleno potencial, o mundo seria não apenas mais justo, mas também mais próspero. Os avanços vêm ocorrendo, mas não em um ritmo rápido o suficiente, e 2,7 bilhões de mulheres ainda enfrentam impedimentos legais no acesso às mesmas oportunidades de emprego que os homens. É primordial eliminarmos as barreiras que limitam as oportunidades das mulheres e este relatório visa a demonstrar que as reformas são possíveis, bem como acelerar as mudanças.”

A OCDE lançou uma campanha a propósito do Futuro do Trabalho(2) em que se pretende ouvir a voz de todas e de todos e está aberta à participação geral. Importa reter que caso houvesse Igualdade completa entre homens e mulheres o impacto do PIB nos países membros da OCDE seria notável e o trabalho digno será naturalmente transversal a todos os setores de atividade.

Ao olharmos para a realidade portuguesa os dados são muito satisfatórios pois estamos colocados no segundo grupo de países mais bem classificados, que estão organizados por ordem alfabética, com 97,50%. No entanto, ao analisamos o ultimo relatório da OIT – Organização Internacional do Trabalho que foi lançado, igualmente, no passado mês de março(3), concluímos que ainda há um longo caminho a trilhar, pois em média os homens portugueses ganham mais 22,1% do que as suas compatriotas.

As reformas que têm vindo a ser feitas no âmbito do Direito Laboral, do Direito da Família e do Direito Económico e Fiscal têm diminuído as disparidades entre o género masculino e o género feminino, mas como uma multiplicidade de estudos o têm vindo a demonstrar ao longo dos tempos, é na educação que reside a mudança e a promoção de melhores condições de vida, bem como a melhoria da competitividade da sociedade e o crescimento económico.

Apesar de termos assistido a reformas consideráveis no domínio da educação, tanto no ensino superior como no ensino não superior, ainda há muitos passos a dar para conseguirmos cumprir com o princípio constitucional da Igualdade e com o princípio da liberdade de ensinar e de aprender. Pois para mulheres e homens terem os mesmos direitos há que lutar ao mesmo tempo e à mesma velocidade pela plena assunção destes dois princípios que promoveriam seguramente uma sociedade mais democrática, mais plural e mais transparente e favoreceriam a melhoria da posição de Portugal em todos os indicadores económicos sociais e científicos.

(1)http://pubdocs.worldbank.org/en/702301554216687135/WBL-DECADE-OF-REFORM-2019-WEB-04-01.pdf

(2)https://futureofwork.oecd.org/

(3)https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/—dgreports/—dcomm/—publ/documents/publication/wcms_674831.pdf

Administradora do ISG | Instituto Superior de Gestão e do Grupo Ensinus

Défice de 0,5% do PIB. Estamos felizes?

Défice de 0,5% do PIB. Estamos felizes?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) “oficializou” o défice de 0,5% do PIB, o mais baixo desde 1974. Como seria expectável e legítimo, o Governo, através de Mário Centeno, reclamou este feito como uma conquista desta legislatura e que Portugal ganhou a aposta na credibilidade, insistindo que se “[…] mostrou à Europa que havia uma alternativa”.

As “performances” dos governos são sempre condicionadas pela conjuntura internacional, em especial para economias de menor dimensão, estruturalmente mais dependentes e menos competitivas, como é o caso português. Desde 2015 que o final da grave crise financeira mundial provocou um forte estímulo e aumento da confiança dos agentes económicos, particulares e empresas, após seis anos de grandes privações e interrogações. Também as taxas de juro de referência, ainda negativas, têm sido um contributo para o investimento e consumo.

A economia gerou emprego nos últimos quatro anos, a um ritmo de quase 100 mil empregos/ano. A consolidação orçamental e os saldos primários positivos foram, de facto, obra deste Governo.

São nestes períodos de crescimento do PIB e do emprego que se deve prestar mais atenção às políticas restritivas, no sentido de precaver ou minorar os efeitos da ocorrência futura de uma nova crise, que poderá acontecer quando a médio prazo, as taxas de referência regressarem a valores positivos. O erro do governo de Passos Coelho foi procurar combater uma recessão económica grave com políticas ainda mais restritivas, que condicionaram qualquer impulso de crescimento.

Mas a verdade é que apesar da grande melhoria da conjuntura internacional, as políticas restritivas herdadas do anterior governo, mantiveram-se neste Governo de António Costa e os resultados da sua aplicação só são observáveis a prazo e que, quanto mais dilatado, mais resultados são visíveis, em especial, não no desempenho económico do país, mas na melhoria das contas públicas. As decisões económicas têm sempre um GAP de reconhecimento, de aplicação de instrumentos e, sobretudo de efeitos a prazo.

A evidência é que a carga fiscal, ainda derivada do famoso “aumento colossal de impostos” de Vítor Gaspar, ainda se mantém e é muito conveniente ao Governo atual. Aliás, o Estado continua a insistir em equilibrar as contas não pela redução da despesa mas pelo aumento da receita – é curioso que mesmo com o PIB a crescer a um ritmo mais lento, a carga fiscal em 2018 representou 35,4% do PIB (mais 1% que em 2017). A não redução da despesa impede preparar o país para enfrentar os problemas estruturais da economia, e não lhe permite qualquer dinâmica de crescimento e de criação de valor que permita não só mais emprego como melhor emprego – maior produtividade e maiores salários.

Por maior que seja o saldo primário do Orçamento de Estado (sem o serviço da dívida), o valor da Dívida das Administrações Públicas, condicionará sempre o valor final do défice e obrigará os contribuintes a um esforço fiscal substancial, caso não existam cortes substanciais na despesa pública que passarão pela redefinição das funções do Estado. Mais do que um problema ideológico, trata-se de um problema matemático.

Diretor do ISG – Business& Economics School

Jornal de Negócios a 27/03/2019

Uma brisa que passou Carlos Vieira, professor no ISG

Uma brisa que passou Carlos Vieira, professor no ISG

E é assim. De repente parece que se perde uma oportunidade. Leio o que leio na comunicação social. Pedem-me para escrever sobre empresas e empreendedorismo. E empreendedorismo é também saber assumir erros (próprios ou de terceiros) e saber cair com “graciosidade” e com indicações que “para a próxima já não se cometerão os mesmos erros”. Será?

Leio na comunicação social sobre o facto de certos credores terem conseguido o controlo acionista da Auto Estradas Douro Litoral e da Brisal, pertencentes à Brisa, após terem adquirido, a desconto (ou com o já famoso “haircut”, fala-se em 80%), créditos que lhe permitiram fazer o “step in” no capital da empresa. E adquiriram-no associando-se a empresas tão seletas como o Deutsche Bank, o JP Morgan e o Banco Europeu de Investimento (Público, 24/01/2019).

Importa recordar também que a própria Brisa já tinha colocado o Estado português em tribunal, por razões de reequilíbrio financeiro, tendo este sido condenado a pagar 220 milhões. É obra!

Este tema permite-me dizer que, de facto, num negócio ou num investimento que, por determinadas razões não corre como o esperado, pode sempre existir um conjunto mínimo de ativos que conduzem ou autorizam um ajustamento. Por vezes este ajustamento obriga a que credores que, por norma, não trabalham em situações de stress financeiro, cedam as suas posições a terceiros, sejam eles considerados “abutres” ou não. E aqui o digo. Hoje que se discute a necessidade de se recuperar a competitividade de determinadas regiões do país, não seria porventura interessante o Estado português adquirir esta posição destes fundos, remetendo estes ativos para os respetivos municípios para gestão (promovendo a redução dos custos de contexto de quem aí vive e trabalha)? Há de facto uma oportunidade única nestes momentos originados por crises globais ou específicas que importa manter no radar.

O mesmo se pode dizer do Sporting Clube de Portugal e do seu Grupo. Na semana passada assisti ao anúncio de um financiamento que serviria para pagar créditos vencidos, na SAD. Neste artigo, em que escrevo como docente do ISG, e para não me acusarem de revelar informação confidencial, reporto-me aos recentes relatórios de gestão, prospetos divulgados e ao artigo de Bruno de Carvalho (DN, 30/04/2018) e à entrevista de Carlos Vieira (o VP do SCP, que sou eu, mas agora não sou, também no DN, mas de 22/06/2018), para lamentar que não se tenham conseguido concretizar os acordos que permitiriam uma reestruturação (já estou tão farto desta palavra!) efetiva.

Para não me alongar muito, a base desse acordo era i) situar a operação de titularização de créditos na Sporting SGPS (que é detida a 100% pelo Clube), que iria comprar os créditos detidos pelo BCP e Novo Banco sobre a SAD e o Clube (cerca de € 150M de empréstimos e € 135M de VMOCs – obrigações convertíveis em ações) por um valor de, no máximo, € 150M; ii) a SAD e o Clube ficariam a dever os seus créditos à SGPS pois um haircut direto dos bancos aquelas originaria muito possivelmente IRC a pagar; iii) como a SGPS deve ao Clube cerca de € 70M, acertavam-se as contas e o Clube, sem mais, ficava sem dívida bancária e “arrumadinha” beneficiando os seus mais de 170 mil sócios; iv) a SGPS ficaria com € 135M de VMOCs adquiridas a um baixo valor que, se interessasse ao Sporting, poderia transformar em ações ou vender com ganhos a parceiros a sério; v) todas as restantes garantias prestadas aos bancos ficariam libertas. Note-se que, a SAD não pode adquirir ações ou VMOCs próprias e não pode emprestar dinheiro a terceiros com o objetivo único de as comprar (a designada “simulação”).

Assim, a exemplo da Brisa, ou do Estado português, parece que se pode vir a perder uma oportunidade. Daquelas que passam poucas, ou nenhumas vezes. O que me ainda me mantém esperançoso é que quem nos governa se mantenha alerta. No caso do Estado, vêm aí eleições…. No caso do Sporting, no comunicado à CMVM está escrito que a “Sporting SAD [pode]recuperar a titularidade ou benefício económico dos créditos”. Ainda estamos em tempo. No entanto deixo a minha dúvida. Sendo quem gere agora estes processos um homem da banca (e que a ela necessariamente regressará) porque não manteve os contratos com quem negociava “agressivamente”, à “abutre” (mas do lado certo da barricada)? Porque será que rescindiram esses contratos? Porque será? Desta vez não será certamente do guaraná.


* Professor convidado do ISG – Instituto Superior de Gestão, em cursos de licenciatura e mestrado, Carlos Vieira é  licenciado em Administração e Gestão de Empresas, pela Universidade Católica Portuguesa (1996) e doutorando em Business Administration no ISCTE – IUL. Fez uma pós-graduação em Gestão e Organização Industrial, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2000), e frequentou o mestrado em Gestão, no ISG – Instituto Superior de Gestão (2009), só com conclusão da parte curricular.

Profissionalmente, pertenceu aos quadros Price Waterhouse e de uma associada; integrou os quadros da Vodafone Telecel, tendo desempenhado as funções de Manager no departamento de Planeamento e Controlo Financeiro; desempenhou atividade docente no ISCAD-Instituto Superior de Ciências da Administração e na ULHT-Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias; pertenceu aos quadros da Media Capital, como diretor de Contabilidade e diretor de Tesouraria do Grupo; foi administrador do Grupo Unisla; e ainda administrador do Grupo Ensinus.

A este percurso junta-se, ainda, entre março 2013 e junho 2018, os cargos de vice-presidente do Sporting Clube de Portugal, com o pelouro financeiro (e desde março de 2017 também com o pelouro do património), e de administrador da Sporting Clube de Portugal-Futebol, SAD. Além disso, é vice-presidente da ANESPO -Associação Nacional de Escolas Profissionais e membro da direção da CNEF- Confederação Nacional da Educação e Formação. Assume também a presidência do Conselho de Fundadores da FLAV-Fundação Luís António Verney e é membro da Ordem dos Economistas e da Ordem dos Contabilistas Certificados.

ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA  Dr. Pedro Mota Soares, “O Futuro da Segurança Social”

ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA Dr. Pedro Mota Soares, “O Futuro da Segurança Social”

SESSÃO SOLENE 2019
ISG | INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO

ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA
Dr. Pedro Mota Soares, “O Futuro da Segurança Social”

“Quero agradecer ao Professor Miguel a oportunidade de vos falar sobre o Futuro da Segurança Social.
Se falar de Segurança Social já não é fácil, difícil mesmo é falar do futuro.
Nos dias de hoje, falar do futuro é um atrevimento.
Num mundo em que fazer uma previsão do crescimento económico a 6 meses é um risco;
Num Mundo em que mesmo na Velha Europa – estável, confiável, previsível – a 15 dias do prazo final do Brexit ainda ninguém sabe verdadeiramente o que vai acontecer, para ar falar do futuro é preciso ser-se afoito.
É por isso que vos quero falar- não do futuro- mas sim de dois aspectos que têm um enorme impacto nos sistemas sociais- Demografia por um lado e Produtividade e emprego por outro.

1. Deixem-me começar pela parte demográfica, contando uma história.
Em 1966, um jovem do Reino Unido escreveu uma carta ao seu EU futuro.
Esse jovem tinha então 16 anos. Tinha um medo. Tinha uma dúvida.
Da carta fez uma música que vai mais ou menos assim:
“When I get old, start losing my hair, many years from now,
Will you still feed me, will you still need me, when I’m sixty-four?”
Para esse jovem músico, Paul McCartney aos 16 anos, alguém com 64 anos era um velho, alguém que estava em risco de ser descartável, a quem era preciso levar a comida à boca.
Ser velho aos 64 anos- abaixo da idade de reforma- pode parecernos hoje ridículo, mas a verdade é que em Portugal, em 1960, a esperança média de vida de homens e mulheres situava-se nos 63 anos, o que traz algum sentido à letra da música.
Hoje e graças a um enorme salto qualitativo, esse número está nos 83 anos de idade. A vida conquistou terreno em mais 20 anos.
Em cerca de 60 anos, a esperança média de vida aumentou 20.
Isto é algo de inédito na história da humanidade.
Somos menos e vivemos mais.
E parece que não queremos ver os sinais e as consequências desta mudança estrutural na nossa sociedade.
Em 1999, um ano após termos feito uma reforma da Segurança Social que iria durar para os próximos 100 anos, o Índice de envelhecimento, i.e. o quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com menos de 15 anos atingiu
os 100 – por cada português com mais de 65 anos só tínhamos um jovem abaixo dos 14.
Hoje, por cada jovem com 14 anos ou menos, temos 1,5 portugueses acima dos 65.
Se olharmos para os escalões etários que estão no meio destes vemos que em 2010 – três anos depois da reforma da segurança social que introduziu o factor de sustentabilidade- vemos que a relação entre a população que potencialmente está a entrar e a que está a sair do mercado de trabalho, i.e o quociente entre o número de pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 55 e os 64 anos- atingiu a proporção de 1 para 1.
Hoje, passado 9 anos, a proporção no mercado de trabalho evoluiu para 0,8 jovens por cada trabalhador mais idoso.

Fonte INE

Desde a década de 70 do século passado, o meu espaço de vida, perdemos metade da população jovem (28,5% em 1970 para 14,4% em 2014), e mais do que duplicamos a população idosa (passando de 9,7% em 1970 para 20,3% em 2014).

Fonte INE

Hoje, já só temos 2,5 activos por cada pensionista.

Fonte INE;PORDATA

Além dos dados relativos à Segurança Social, deixem-me que vos dê só alguns números da área da saúde.
Um quarto da população em Portugal está em risco de desenvolver cancro até aos 75 anos e 10% corre risco de morrer de doença oncológica.
No Relatório “Health at a Glance 2017”1 (“Uma visão da saúde”)i da OCDE são apresentados novos dados sobre a prevalência da demência, colocando Portugal como o 4º país com mais casos por cada mil habitantes.
A média da OCDE é de 14.8 casos por cada mil habitantes, sendo que para Portugal a estimativa é de 19.9.
A estimativa do número de casos com demência para Portugal sobe para mais de 205 mil pessoas, número que subirá para os 322 mil casos até 2037.
Mais velhos, mas também com mais patologias de saúde.
Se alguém tem dúvidas da conjugação destes dois efeitos sobre a sociedade portuguesa, aconselho a leitura do recente relatório do FMI2.
Até 2050 teremos de alocar mais 7 pontos percentuais de despesa pública ao envelhecimento e isso tornará a nossa dívida pública insustentávelii.

2. Passemos à Produtividade e emprego.

Estamos a viver o início da 4ª revolução industrial, que terá enormes efeitos no mundo do trabalho.
Inteligência artificial;
Robotização e automação com capacidade cognitiva de aprender, de estabelecer relações pessoais, de aprender com outras experiências;
A capacidade das coisas- objectos do nosso quotidiano: um carro, um semáforo, uma máquina de café, estabelecerem relações entre si e com os humanos, na chamada Internet das coisas;
computação em cloud;
Tecnologia blockchain;
Computadores quânticos capazes de processar dados e informações com uma velocidade até hoje impossível.
A lei de Moore que se verificou até hoje – que dizia que a cada 18 meses o poder de processamento dos computadores iria duplicar e o preço de produção diminuir- pode estar a chegar ao fim. O avanço da tecnologia da computação quântica vai tornar a evolução ainda mais rápida.
A lei de Amara, que nos ensinou que sobrestimamos o efeito duma tecnologia no curto prazo e subestimamos o seu efeito a longo termo, aconselha-nos a olhar para o ponto cego das previsões.
Nos últimos 10 anos o simples facto do nosso telemóvel- que tinha teclas e servia para fazer e receber chamadas- estar hoje ligado a um GPS e à internet (na prática um pequeno computador com mais tecnologia do que a que os americanos tinham quando colocaram um homem na lua), dizia eu, a georreferenciação mudou a nossa vida e
permitiu dezenas de novos negócios- Uber, Glovo, Instagram, Whatsapp, airbnb, spotify, Runkeepper, Lime, e-coltra- que destruíram empregos e criaram outros. (Facebook rede feita para computador, instagram e Twitter feitos para telemóvel).
Tarefas mecânicas, repetitivas, previsíveis, como recolha e processamento de dados vão ser rapidamente substituídas.
Muitos empregos que desempenham estas tarefas vão desaparecer e novos empregos, que hoje ainda não conhecemos vão surgir.
Num estudo muito recente feito pela McKinsey sobre o futuro do emprego em Portugal, algumas das conclusões são surpreendentes.
1º- Portugal é, a par do Japão, um dos países mais afectados pela automação (a introdução de robots) nos mercados de trabalho.
2º- Perante o declínio do PIB e do PIB per capita derivado pelo decrescimento demográfico e pela desaceleração da produtividade, a automação é uma das principais soluções que poderá proporcionar o crescimento de produtividade necessário para manter as taxas de crescimento históricas do PIB.
3º- Apesar da automação tornar redundante as funções de até 1,1 M trabalhadores portugueses, poderá simultaneamente criar 0,6 –1,1 M de novos postos de trabalho até 2030, o que significa que poderá continuar a haver emprego suficiente no longo prazo.
Isto significa que a robotização da nossa economia vai retirar 1.1Milhões de empregos até 2030, mas também criar entre 600 mil e 1,1Milhões de novos empregos, onde a área de gestão e a área social serão das mais resilientes.
Se o futuro nos parece estar a acelerar, é porque está mesmo a acelerar. Durante grande parte da história da Humanidade a mudança foi local e linear e hoje é global e exponencial.
Como explica Ray Kurzweil, não se trata de mais um degrau igual ao anterior, mas de uma multiplicação. Passámos do crescimento linear para o crescimento exponencial.
Quando o genoma humano começou a ser sequenciado, os peritos previam que iria demorar milhares de anos a ser concluído, mas foi terminado há 15 anos. A previsão considerou tudo menos a aceleração da mudança e a evolução dos próprios processos.
É por isso que acho que qualquer previsão sobre o futuro um grande atrevimento.
Podemos apenas falar do que é provável ou possível.
Se o modo como nos relacionamos e a relação com o consumo mudou, é provável que o modo como trabalhamos, aprendemos e vivemos também tenha de mudar. Não se pode travar administrativamente o futuro.
A capacidade de adaptação, para uma pessoa, empresa ou país, é mesmo “a” competência estratégica essencial.
No futuro do emprego a capacidade de relacionar competências absolutamente distintas vai ser uma grande mais valia.
Não resisto a contar uma história que o Steve Jobs contou numa sessão muito parecida com esta.
Nos anos em que frequentou a Faculdade – digo frequentou e não estudou porque o próprio reconheceu que foram anos em que
andava “perdido” – Steve Jobs inscreveu-se numa cadeira de tipografia. Faziam tudo à moda antiga, numa prensa que podia ter sido feita pelo próprio Guttenberg.
E podem estar a pensar- o que é que uma velha prensa, de madeira e com chapas de metal e tinta a sair por todos os lados pode ter a ver com um computador moderno?
No 1º computador Apple que o Steve Jobs construiu, quando teve de fazer um processador de texto, lembrou-se das aulas de tipografia e hoje, em vez de escrevermos num ecrã preto com umas letras quadradas brancas, ou no melhor caso verdes, escrevemos com fontes magnificas como o Times New Roman, Georgia, Calibri, ou o Arial 14 onde fiz este texto.

Hoje, a característica mais importante para o futuro que aí vem é mesmo a preparação para a mudança.
Improve, Adapt, Overcome!
Portugal tem muitos trunfos. Uma dimensão média e uma posição moderada capitalizável captação de investimento, na atração do turismo e traduzida em vários sucessos diplomáticos – como a eleição para o Conselho de Segurança da ONU, a Presidência da Comissão Europeia ou a eleição para Secretário-geral da ONU. Esta boa vontade tem de ser aproveitada, num mundo com cada vez maior tensão e apreensão sobre o futuro.
Outro trunfo é a possibilidade de reformas ágeis, um fenómeno chamado “leapfroging”, em que os saltos tecnológicos permitem
recuperar atrasos de competitividade – como foi o caso dos serviços multibanco ou da via verde, em que Portugal liderou na inovação.
Mas o mais importante mesmo, a característica mais importante para o futuro que aí vem é a preparação para a mudança.
Como um ministro do Petróleo Saudita alertou: “a idade da pedra não acabou por faltarem pedras, e a idade do petróleo vai acabar muito antes do ficarmos sem petróleo”.
Por isso, a pergunta legítima é:- O que é que cada um de vocês está a fazer, para a mudança que aí vêm?

3. Toda a Europa vê hoje a sua esperança média de vida aumentar.
Esta enorme conquista civilizacional é produto dos avanços médicos,
científicos, mas também de um modelo social que edificámos ao longo de décadas.
Se por um lado temos esta carga positiva, por outro, uma preocupante quebra demográfica, que alastrou sem excepção a todas as nações do velho continente, constitui um sério problema para a sustentabilidade dos sistemas sociais- Saúde e Segurança Social.
Conjugando demografia com economia o problema coloca-se assim: temos cada vez menos activos para financiar cada vez mais pensionistas por – felizmente – cada vez mais anos, face à evolução da esperança de vida.
Num estudo recente da OCDE, é referido que se não forem feitas reformas atempadamente as gerações actuais e seguintes- vocês- vão receber muito menos face ao que contribuíram, isto é, a taxa de substituição diminuirá.
Como resolver este dilema?
Em prol das gerações futuras e da confiança dos actuais trabalhadores nos sistemas que urge realizar e pensar as devidas reformas de um modelo que foi idealizado num mundo em que esta realidade era diferente.
Os aumentos de produtividade têm de ser tais que possam financiar não só esta alteração, como também a falta de ocupação que muitos podem vir a sofrer- chamemos-lhe UBI- Renda Básica ou Rendimento Básico Universal.
A discussão sobre novas fontes de financiamento tem de ser feita de forma a permitir encontrar receitas, mas ao mesmo tempo não pode dificultar a modernização da nossa economia, levando o investimento para outras latitudes.
Num tempo de crescimento económico – factor essencial para fazer uma reforma da Segurança Social- adiar este debate pode significar perder a última oportunidade de fazer uma reforma estrutural e séria do nosso sistema de protecção social.
Queria terminar com uma última nota.
Quando era jovem, Paul Mccartney achava que aos 64 anos ia ser um velho. Hoje esse jovem já superou os 64. Tem 76 anos. Recentemente criou músicas com a Rhianna e o Kayne West e lançou um álbum novo.
Com 76, Paul Mccartney, como tantas outras pessoas mundo fora, incluindo portugueses, continua activo e a teimar em não envelhecer.
É a parte mais positiva do nosso novo normal.”
i Link estudo OCDE ii Link Estudo FMI

Pedro Mota Soares

ISG é notícia no Magazine Imobiliário!

ISG é notícia no Magazine Imobiliário!

“ISG lança pós-graduação imobiliária em b-learning” é o título do Magazine Imobiliário, sobre a nova Pós-Graduação em Gestão e Avaliação Imobiliária do Instituto Superior de Gestão, em parceria com a ASAVAL – Associação Profissional das Sociedades de Avaliação.
Um novo formato em regime b-learning, que terá uma duração total de 335 horas, sendo que 275 horas serão em regime e-learning.

Leia a notícia na integra
Ler mais sobre a Pós-Graduação em Gestão e Avaliação Imobiliária

The European Elections

The European Elections

Partilhamos com a nossa Comunidade Educativa a seguinte mensagem
In less than 100 days, European citizens will be asked to cast their vote and decide what’s next for Europe.
The European elections, held between 23 and 26 May, will shape the European Union for the years to come.
At the European Commission, we are doing our best to reach out to as many people as possible in order for them to be able to make an informed decision. But in order to reach every single European, we need all those with Europe at heart to join us.
The Commission has prepared the following message:
“What if we told you that in less than 100 days, you have the power to shape the future?
The European Elections will be held this May. This important election will determine the direction of our society, affecting your life and that of generations to come.
People all over Europe are encouraging friends and family to get out and vote. What about you? Are you one of the thousands of people engaging on www.thistimeimvoting.eu? If not, please join the conversation, we would love to hear your voice. But more than this, you can encourage others to make their voices heard, in doing so, you will be making history and strengthening our democracy.
Young people all across Europe have come forward and talked about how the European Union has helped them reach their full potential. Perhaps you can relate to some of the stories at europa.eu/euandme? Please share these stories, better still, share your own story and encourage your friends to do the same.
Through your participation in EU initiatives, you have already taken steps to strengthen the European Union, this May you will have the opportunity to strengthen our future.
Thank you.”

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