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“Internacionalização de empresas: evolução de um conceito” parte (II) e (III)

“Internacionalização de empresas: evolução de um conceito” parte (II) e (III)

Parte II

Vimos num primeiro artigo sobre o tema da internacionalização que alguns analistas estavam propondo uma nova visão conceitual, consistindo no “abandono do conceito operacional de internacionalização e na adoção do conceito estrutural, baseado no investimento direto estrangeiro (IDE) como parâmetro de referência” (Boelter, 2020).

Segundo eles, esse desenvolvimento conceitual começa a ser percebido por volta de 2010, pois que anteriormente se falava em internacionalização operacional, entendida como um processo englobando uma série de atividades, entre elas a exportação (apontada por muitos como ponto de partida!). Um dos modelos de suporte dessa conceção foi o “Modelo de Internacionalização de Uppsala” ou “Escola Nórdica”, de que se destacam as contribuições de Johansson e Vahlne (1977, 2010).

A partir de 2010, o conceito operacional começa a ser questionado no contexto do desenvolvimento das novas realidades comerciais internacionais, passando a adotar-se o conceito da internacionalização estrutural (Ramsey; Barakat; Cretoiu, 2012; Botelho, 2015) baseado no Investimento Direto no Estrangeiro (IDE), que se tornou “um fator determinante para o desempenho internacional das empresas através da presença corporativa nos respetivos mercados alvo” (Boelter, 2020).

Esta mudança de paradigma constitui, na opinião dos seus seguidores, um verdadeiro salto quântico, em que o cerne do conceito de internacionalização não são mais as operações comerciais, mas a existência de um IDE e, consequentemente, de uma estrutura transnacional própria da empresa. Segundo Boelter, “conceitualmente, a internacionalização inicia-se, portanto, com a existência de IDE” (a última, mais complexa e exigente das fases de internacionalização consideradas na conceção tradicional).

Segundo Boelter, “meras operações internacionais de uma empresa nacional sem IDE podem ser vistas como uma fase preparatória da internacionalização, mas não integram o conceito da internacionalização propriamente dito”. Por isso, em seu entender, “uma empresa que exporta não é uma empresa internacionalizada, mas somente uma empresa nacional exportadora (ENE)”, o que não constitui nenhuma menor consideração pela empresa, “tratando-se simplesmente de uma definição conceitual”.

“A internacionalização, no entanto, é um passo além e implica conceitualmente a transformação de uma empresa nacional numa empresa multinacional, não podendo qualificar uma ENE como uma empresa multinacional devido à ausência de estruturas internacionais próprias” (Boelter, 2020).

Muitos e variados temas de análise, reflexão e crítica! Aos quais voltaremos no próximo (e último) artigo dedicado a esta importante temática.

Professor Doutor Tito Ferreira de Carvalho, economista e docente do ISG


Parte III

Com exceção das empresas que no dizer dos analistas “já nascem internacionais” ou com vocação para tanto, é pela exportação que a maior parte das empresas locais começa a ensaiar a sua presença em mercados externos.

Vimos no primeiro e segundo artigos anteriores que alguns analistas propunham uma nova visão conceitual da internacionalização, que consiste no “abandono do conceito operacional e na adoção do conceito estrutural, baseado no investimento direto estrangeiro (IDE) como parâmetro de referência, uma mudança paradigmática que constitui um verdadeiro salto quântico, pois só a existência de um IDE permite à empresa dispor de uma estrutura transnacional própria e a sua transformação numa empresa multinacional” (Boelter, 2020).

Esta análise de Boelter e seus seguidores parece-nos dever considerar como excessiva, ao só admitir o IDE como a modalidade de presença em mercados externos para que se possa falar em internacionalização.

De facto, com exceção das empresas que no dizer dos analistas “já nascem internacionais” ou com vocação para tanto, é pela exportação que a maior parte das empresas locais começa a ensaiar a sua presença em mercados externos, até para aferir da sua viabilidade nesses mercados e poderem transformar essa prática numa estratégia consistente e com carácter de permanência.

À medida que essa estratégia se consolida, pelos resultados obtidos, e algum ou alguns desses mercados atingem relevante importância, é natural que a forma como a exportação se desenrola sofra alterações: de exportações indiretas a exportações diretas, do tipo de intermediários utilizados, da importante seleção dos canais de distribuição, passando de um agente a um distribuidor exclusivo, etc.

É natural ainda que, a dada altura, a importância dos mercados justifique outras formas de presença, nomeadamente pelo recurso a formas contratuais, como o licenciamento e o franchising, e mais tarde, a um IDE, seja constituindo uma joint-venture com parceiros locais, seja constituindo uma empresa subsidiária, com domínio do poder de decisão.

Esse será aliás um caminho lógico no processo de internacionalização de muitas empresas, o culminar da estratégia prosseguida, mas insuficiente para que, científica e tecnicamente, se considere que só nessa altura se possa falar em internacionalização, a qual, para muitas delas, começou lá bem atrás com umas exportações para um ou mais mercados.

O “pecado” de Boelter e seus seguidores é considerar a imprescindibilidade de uma empresa se constituir numa multinacional para se poder considerar internacionalizada, o que constitui um enviesamento de análise, devido fundamentalmente à consideração de um mercado de origem de grande dimensão, como é o Brasil. Ora, mesmo atendendo às exigências da Globalização, há espaço para outras empresas e outros países se internacionalizarem fora deste “novo” paradigma.

Professor Doutor Tito Ferreira de Carvalho, economista e docente do ISG

O que diferencia a liderança no feminino?

O que diferencia a liderança no feminino?

Sabe “O que diferencia a liderança no feminino?”

A Professora Doutora Rosa Rodrigues explica-lhe tudo no mais recente artigo partilhado na edição de julho da Revista Human Resources Portugal.

Convidamo-lo(la) a ler este artigo!

Boas Leituras.

O nosso IRC expulsa riqueza de Portugal

O nosso IRC expulsa riqueza de Portugal

O Coordenador da Pós-Graduação em Fiscalidade Avançada do ISG, Professor Doutor José Maria Pires está em grande destaque na capa do Jornal Vida Económica.

“O nosso IRC expulsa riqueza de Portugal” é o título da entrevista feita, no âmbito da nova Pós-Graduação em Fiscalidade Avançada.

Convidamo-lo(la) a ler a entrevista do Professor Doutor José Maria Pires na página 3 do jornal.

ISG: uma referência nacional

ISG: uma referência nacional

Num trabalho dedicado à economia, gestão e crédito tem de se falar do ISG – Instituto Superior de Gestão que tem uma história riquíssima! Foi a primeira business school em Portugal (fundada em 1978), sendo hoje uma escola de referência no contexto do ensino da gestão no nosso país. De entre as escolas de gestão, o projeto ISG | Business & Economics School destaca-se pelo carácter inovador da sua formação multidisciplinar, adaptada às reais necessidades do mercado de trabalho.

Com o acesso ao ensino superior ao “virar da esquina”, são quatro as ofertas do ISG no que diz respeito a licenciaturas: Economia, Gestão, Gestão de Recursos Humanos e Gestão do Turismo. Mas temos de destacar a Dupla Licenciatura em Economia/Gestão e a Dupla Licenciatura em Gestão/Economia. Em relação a estes double degrees, explique-se que os alunos que completem o curso de 1º ciclo em Gestão ou em Economia, com mais um ano de formação, ficam licenciados em ambas, com dois diplomas independentes – um em Gestão e o outro em Economia.

Estas duas licenciaturas têm fortes sinergias devido a cerca de 70% do plano curricular ser semelhante. Esta é a razão pela qual, com os restantes 30%, em dois semestres, os alunos podem obter as duas licenciaturas.

Aposta na formação executiva

O ISG acompanha os ritmos de evolução social, económica e empresarial. Um dos seus objetivos passa por perceber as necessidades do mercado, em ligação com o tecido empresarial, para promover uma aprendizagem contínua depois da obtenção de graus académicos bem como integrar e transmitir novos conhecimentos e desenvolvimento de competências nas organizações. Nesse sentido, existe uma forte aposta da business school na formação executiva, com a oferta de 17 programas.

Realce-se o facto de as pós-graduações de Gestão, de Recursos Humanos, de Gestão Financeira, de Gestão de Projetos e de Gestão de Operação e Logística terem normalmente as suas vagas “totalmente preenchidas”, assegurou recentemente ao Negócios em Rede Clara Viegas, diretora do Departamento de Formação Avançada do ISG.

A responsável da Business & Economics School acrescentou que a escola está atenta e procura sempre ligação ao que os seus alunos precisam hoje em dia. “Seguindo esta linha, o ISG já tem disponíveis mais três pós-graduações de excelência, que são Fiscalidade Avançada, Coaching Executivo e Liderança de Alta Performance e Gestão dos Municípios-Governação e Sustentabilidade.”

Da fiscalidade avançada à administração pública

Assim, a pós-graduação de Fiscalidade Avançada vai atuar num nível superior, quer pelo programa apresentado, quer pelo estatuto dos docentes convidados. “Os empresários de topo procuram muito este género de experimentação, com possibilidade de troca de experiências reais, que sejam enriquecedoras para o seu percurso profissional”, explicou Clara Viegas.

Sobre esta pós-graduação, registe-se que a fiscalidade é um fator fundamental de competitividade das economias e das empresas, em face da globalização e da integração de Portugal num dos espaços económicos mais competitivos do mundo. A crescente perceção e consciência da relevância da fiscalidade e o seu impacto nas operações tornam a frequência desta pós-graduação avançada um fator diferenciador e de especialização numa área com cada vez maior procura no mercado nacional e internacional. Este programa foi concebido para responder aos problemas das empresas neste domínio e para transformar a fiscalidade num fator de eficiência empresarial.

No que diz respeito ao segmento executivo, procura “credibilidade, experiência e know-how, denotando-se atualmente um crescimento nos cursos comportamentais, digitais e de gestão”.

A escola está ainda a apostar bastante nas formações dirigidas à administração pública que têm sido um verdadeiro sucesso. Refira-se que o ISG é provedor da formação FORGEP e CAGEP e percebe que tem uma grande capacidade em trabalhar nesta área de atuação, com mais diversificação de produtos.

Professor Doutor Miguel Varela, Diretor do Instituto Superior de Gestão para o Jornal de Negócios

A escassez, os recursos naturais e as políticas “Fit for 55”

A escassez, os recursos naturais e as políticas “Fit for 55”

No seguimento da Lei Europeia do Clima, aprovada em abril, a Comissão Europeia anunciou o “Fit for 55” que conta com treze propostas legislativas que têm por objetivo reduzir em 55% a emissão de gases com efeito de estufa e uma poupança de energia de 32,5% até 2030.

A literatura identifica a economia como uma ciência social que lida com afetação de recursos escassos. A generalidade dos recursos do planeta são um claro exemplo de escassez e daí a crescente importância da economia da energia e dos recursos naturais, que se tem refletido nas discussões e cimeiras supranacionais sobre o ambiente.

É certo que na natureza muita coisa se transforma e não se perde, mas também é certo que os recursos necessários à manutenção da vida, como a conhecemos, são limitados e muitos vão desaparecendo ou sofrendo alterações que podem comprometer a vida no planeta sem que tenhamos noção em quanto tempo, a avaliar pelos acontecimentos climáticos nos últimos tempos, como aconteceu recentemente no Canadá. Sempre existiram fenómenos extremos desde que existe monitorização, mas o ritmo a que acontecem é muito superior. Sucedem-se os apelos pelo mundo em salvar o planeta, pois a política económica tem objetivos de crescimento, mas a principal preocupação desta ciência deve ser o desenvolvimento, em todas as suas vertentes, incluindo saúde e qualidade de vida, que não será nunca compatível com um planeta doente.

A generalidade dos países tem ganho progressivamente consciência de que a aldeia global é de todos. No seguimento da Lei Europeia do Clima, aprovada em abril, a Comissão Europeia anunciou o “Fit for 55” que conta com treze propostas legislativas que têm por objetivo reduzir em 55% a emissão de gases com efeito de estufa e uma poupança de energia de 32,5% até 2030. O conjunto das políticas abrange as áreas das energias renováveis, eficiência energética, construção, utilização da terra e sistemas de comércio de emissões. Estas propostas devem passar no curto prazo para o Parlamento Europeu e para o Conselho da UE. O EU Observer revelou algumas medidas como: 

  1. Tornar o carregamento de veículos elétricos e o reabastecimento de hidrogénio para veículos pesados tão acessível como abastecer um veículo de combustível tradicional – UE estabeleceu meta um milhão de pontos de carregamento para veículos elétricos até 2025 e três milhões até 2030. Estabelecimento de limites mais rígidos de CO2 para carros e carrinhas na UE e proibição de novos veículos a gasolina e gasóleo a partir de 2035; 
  2. Introdução de um imposto sobre os combustíveis fósseis utilizados pela indústria de aviação – como o querosene, o petróleo e o gasóleo – que irá progressivamente aumentando durante um período de dez anos. As companhias aéreas passarão a ter de se abastecer com uma mistura de combustíveis quando descolarem de aeroportos europeus, e que deverá incluir, a partir, de 2025, uma percentagem de 2% de combustíveis sustentáveis para a aviação, que subirá para 63% em 2050. A isenção de impostos sobre o combustível de aviação (querosene) também deverá terminar, enquanto os combustíveis verdes passam a beneficiar de redução de impostos; 
  3. Para o transporte marítimo, espera-se que a nova proposta legislativa introduza “metas de intensidade de gases de efeito estufa”; 
  4. Prevê-se que a UE aumente a sua meta atual de eficiência energética de economizar 32,5% de energia até 2030 e torne-a juridicamente vinculativa; 
  5. Bruxelas deve fortalecer os “critérios de sustentabilidade” usados para determinar se determinada biomassa florestal pode ser considerada renovável, com o compromisso de proteger as florestas antigas da UE. A UE deve apresentar ainda a estratégia florestal, que visa a plantação de três mil milhões de árvores até 2030; 
  6. Bruxelas deve propor um novo sistema separado de comércio de emissões para os setores da construção e transporte rodoviário; 
  7. Bruxelas quer impedir ainda mais as empresas de transferir a produção para países fora da UE com regras ambientais menos rígidas, impedindo o fenómeno de “fuga do carbono” e poderá ser proposto um Mecanismo de Ajustamento das Emissões de Carbono nas Fronteiras, que tem gerado preocupações tanto nos Estados Unidos como na China, que temem uma medida protecionista, e que visa assegurar que as empresas europeias não são prejudicadas, em termos competitivos, pelas novas normas ambientais que irão entrar em vigor no espaço comunitário.

São medidas que farão desacelerar o ritmo de destruição do meio ambiente, mas não inverter ainda esta tendência. Muito haverá a fazer no sentido da qualidade de vida nesta aldeia global.

Professor Doutor Miguel Varela, Diretor do Instituto Superior de Gestão para o Jornal de Negócios