motivação tem vindo a ganhar uma importância crescente em contexto laboral, porque, além de influenciar o desempenho dos colaboradores, contribui para aumentar a vantagem competitiva da organização. No entanto, verifica-se que motivar as pessoas não é uma tarefa fácil, motivo pelo qual é necessário desenvolver políticas que promovam o bem-estar dos colaboradores e os estimulem a contribuir para alcançar as metas organizacionais, e a Administração Pública não é exceção (Lin et al., 2020).
Segundo Costello et al. (2020), a motivação para o serviço público assenta em três motivos principais: (i) o instrumental, que ocorre quando os colaboradores participam na formulação de políticas que internalizam os valores da sociedade (e.g., responsabilidade social, democracia, equidade e justiça) como sendo os seus próprios valores; (ii) o normativo, que se baseia na vontade de corresponder ao interesse público por patriotismo, dever e/ou lealdade; (iii) e o afetivo, que se fundamenta nas emoções e no desejo de ajudar os outros.
Deste modo, é importante atrair e recrutar colaboradores que se sintam motivados para o serviço público, uma vez que o ajustamento da pessoa à organização constitui um fator fundamental para a satisfação com o trabalho e para a obtenção de elevados níveis de desempenho (Jin et al., 2018). Bright (2021) acrescenta que os trabalhadores que manifestam elevados níveis de motivação para o serviço público têm tendência para demonstrar comportamentos pró-sociais, mas quando sentem que o seu trabalho não é valorizado ou que através do mesmo não conseguem servir a sociedade da forma como desejariam sentem-se desmotivados e o seu empenho começa a diminuir.
Neste âmbito, Hameduddin e Engbers (2021) chamam a atenção para a necessidade de se desenvolverem estratégias que motivem os recursos humanos, seja através de feedback positivo e/ou do reconhecimento pelo trabalho realizado junto da comunidade, porque apelar apenas ao compromisso com a causa pública não é suficiente para manter os colaboradores motivados.
Atualmente, Portugal conta com um total de 718.940 funcionários públicos, o que corresponde a menos de 15.0% da força de trabalho total, um dos valores mais baixos dos países da OCDE (República Portuguesa, 2021). Apesar do serviço público ser bastante atrativo para muitos indivíduos, devido à estabilidade que proporciona, a taxa de rotatividade tem vindo a crescer consideravelmente, o que gera custos tangíveis e intangíveis que prejudicam a eficácia e a imagem da organização. Neste contexto, Brander-Peetz et al. (2021) defende que a retenção de pessoas constitui um dos principais desafios de qualquer instituição, seja do setor público ou do setor privado, porque quando um colaborador deixa a organização leva consigo os investimentos realizados pela mesma em termos de formação e conhecimentos adquiridos ao longo dos anos.
O turnover é sempre um fator preocupante, independentemente do setor a que as organizações pertencem, porque indica que os colaboradores se encontram insatisfeitos com as suas condições de trabalho. Esta situação é particularmente preocupante no setor da saúde, onde o número de demissões, nos últimos anos, incluiu mais de 6.000 médicos, o que representa aproximadamente 4.0% da força de trabalho existente (Ministério da Saúde, 2018). A falta destes profissionais afeta significativamente o desempenho do sistema de saúde, uma vez que os pacientes necessitam de esperar muito mais tempo para receber serviços adequados (Li et al., 2019).
A saída da Administração Pública deve-se principalmente à falta de políticas de retenção de talentos, o que leva os trabalhadores a procurar locais onde possam desenvolver a sua carreira profissional, nomeadamente no setor privado ou no estrangeiro. Para fazer face a esta situação, gradualmente tem vindo a ser introduzido um novo modelo de gestão (New Public Management), que se foca no desenvolvimento contínuo dos colaboradores, de forma a colocar as pessoas certas nos lugares certos. Não obstante, os órgãos da Administração Pública continuam a ser regulados por uma estrutura burocrática, impessoal e tecnicista, e como qualquer organização depende do seu potencial humano para ser bem-sucedida, é fundamental chamar a atenção para esta realidade, caso contrário perdem-se os profissionais mais qualificados (Khan & Abdullah, 2019).
Com o exponencial crescimento da actividade turística nas últimas décadas, que causa efeitos nefastos nos destinos, com particular incidência no património erigido e natural, a Organização Mundial do Turismo e os governos têm-se debruçado sobre a problemática da sustentabilidade do turismo versus sustentabilidade ambiental.
No seguimento do plano de retoma Reactivar o Turismo | Construir o Futuro, e alinhado com os objectivos da Estratégia Turismo 2027, o governo português apresentou (e bem) o Plano Turismo +Sustentável 20-23, com o propósito de “intensificar o objectivo da sustentabilidade na actividade turística; a reeducação para uma restauração circular e sustentável; o desenvolvimento de práticas para uma economia circular; a neutralidade carbónica nos empreendimentos turísticos; a construção sustentável em empreendimentos turísticos; a eficiência hídrica nos campos de golfe em Portugal; e a redução do plástico na hotelaria”.
Reconhecemos a pertinência dos objectivos e “a importância de Portugal reforçar o seu posicionamento e competitividade enquanto destino turístico sustentável e seguro, a par das novas directrizes e orientações nacionais e comunitárias, no âmbito da economia circular e da sustentabilidade ambiental”.
Os eixos estratégicos definidos em torno da estruturação de uma oferta turística sustentável, a qualificação dos agentes do sector, a promoção de Portugal como um destino sustentável e a monitorização do desempenho do sector para a sustentabilidade estão alinhados com o plano.
Presentemente, encontramo-nos em plena recuperação da actividade turística após os picos da pandemia de covid-19, com a maioria das empresas do sector a procurarem lucros que minimizem as perdas dos últimos dois anos. Já os turistas (na sua maioria) ávidos de experiências turísticas procuram reconquistar o tempo perdido e “consumir vivências”.
Nesse sentido, presentemente, a questão da sustentabilidade ambiental/turística não se apresenta como uma prioridade tanto para o lado da oferta como para o lado da procura. Talvez daqui a um ano, com as empresas capitalizadas, esta temática regresse à linha da frente.
Nesta retoma, além da componente económica e da oferta turística, a questão da qualidade volta a assumir-se como um elemento diferenciador. A qualidade dos serviços e dos produtos turísticos e o respeito da capacidade de carga dos destinos continuam a ser pilares basilares para o reconhecimento do valor do turismo nacional.
Não é através de um decreto ou de um plano de acção que promovemos a qualidade. Ela deve estar presente nos princípios e nos objectivos das empresas turísticas mas, concomitantemente, nos serviços aeroportuários, nas empresas de transporte, na restauração, nos espaços museológicos…
A qualidade não deve ser o objectivo, mas sim a prática. O elemento distintivo e diferenciador que permitirá ao nosso país consolidar o mercado e tornar-se um destino com chancela qualitativa. Proporcionando experiências e vivências de qualidade (nos serviços e nas estruturas), facilmente alcançaremos os objectivos inerentes à sustentabilidade da actividade turística, com capacidade de acção, compreensão, exigência e objectividade.
Um unicórnio também conhecido por licórnio ou licorne é uma criatura mitológica, cujo nome vem do latim e significa literalmente “um único chifre“ em espiral no centro da cabeça. Além desta caraterística, é representado como um cavalo branco, com cor intensa e rabo de leão.
Todas as lendas o tomam como mágico, que pode voar e desaparecer graças ao poder que se concentra no chifre. Valentia, força, bondade, pureza e inocência são as caraterísticas mais associadas ao unicórnio.
O caráter único e raro do unicórnio fez com que a expressão e o conceito se transferissem para o mundo empresarial.
Foi a fundadora da Cowboy Ventures, Aileen Lee em 2013 que utilizou pela primeira vez o termo “unicórnio” no artigo “Welcome to the unicorn club: learning from billion-dollar startups”. De acordo com Lee, empresas unicórnio são empresas tecnológicas que atingiam o valor de 1 bilhão de dólares (mil milhões de euros) sem estarem cotadas na Bolsa e cujos negócios têm o foco normalmente no consumidor e não em serviços ou produtos para empresas.
Tal como na mitologia, também no contexto empresarial a raridade dessas empresas em negócios emergentes no mercado faz delas sobreviventes em negócios emergentes no mercado.
As características normalmente atribuídas às startup unicórnio são:
▪Inovação, revolucionar o modelo de negócio arriscando novas oportunidades de negócio. Como afirma metaforicamente Ana Pimentel, no livro Unicórnios Portugueses, “Um unicórnio é um cocktail de dinheiro, inovação, métricas, potencial e risco. A servir de base a este copo, está uma promessa: a de mudar um mercado, um hábito de consumo ou comportamental, a forma como se presta um serviço e, no limite, o mundo”.
▪Posição de vantagem por via do pioneirismo e da inovação em produtos e serviços disruptivos.
Investimento em tecnologia, o ecossistema de inovação de startups abrange os setores das fintechs e martechs, as quais representam uma significativa parte do capital de risco destinado a estas startups.
▪Foco no cliente através de criação de produtos, ferramentas e funcionalidades que vão ao encontro das suas necessidades. Trata-se de canalizar a dor do cliente e desenvolver um meio de resolvê-la da melhor forma possível.
▪Diversidade, na medida em que uma das forças para gerar ideias disruptivas, criativas e inclusivas é contar com diferentes perfis de profissionais, promovendo ambientes multiculturais e multidisciplinares.
As startups que buscam inovação devem estar numa posição de vantagem em relação às suas concorrentes antecipando tendências, ser pioneira no ramo e atuar sempre inovando e aprimorando o produto com vista à criação e à proposta de valor para o cliente.
Não estando cotadas em bolsa, as empresas unicórnios recorrem a rondas de financiamento a investidores privados que acreditem no potencial da empresa.
Cada ronda de investimento além de arrecadar financiamentos cada vez maiores com a contrapartida de uma participação percentual no capital da empresa vai sendo sucessivamente mais exigente não só em termos do capital arrecadado mas também pelo potencial medido pela escala global em que insere. O capital de risco é o grande financiador destas empresas dado que o seu grande potencial de mercado a longo prazo implica também maior risco.
No inicio de vida todas as empresas são idênticas, prevalece a energia, a ambição e as ideias, mas á medida que o tempo passa instala-se a burocracia e as ideias deixam de ser uma prioridade, prevalece uma visão interna em detrimento de uma visão para o exterior, para o cliente, para a inovação numa ótica de escala global, afastando deste modo o interesse de financiadores e do capital de risco cujo interesse é avaliado com base no seu potencial e nas suas oportunidades de conquistar mercado.
Tal como os unicórnios, animais raros, também as “empresas unicórnio” são raras na medida em que apesar das ideias disruptivas que possam apresentar, têm sucesso quase por magia.
Cabe ao empreendedor escolher o seu caminho, ser mais uma empresa ou fazer a diferença, ser um cavalo “cansado ou um “unicórnio” aumentando visibilidade e o número de investidores para o país.
A recente reunião do Fórum Económico Mundial realizado em Davos, no passado dia 25, contou com a presença de grandes companhias multinacionais e abordou a construção de um metaverso “economicamente viável, seguro e inclusivo”. O acordo entre 60 empresas para a construção do metaverso mostra a importância do tema.
A iniciativa concentrou-se em duas áreas: a governança do metaverso – segurança e inclusão – e a criação de valor com a identificação dos incentivos e riscos que as empresas, os indivíduos e a sociedade encontrarão nesta nova realidade.
O metaverso, não sendo uma novidade – por exemplo, na interactividade em plataformas digitais, NFTs, gamificação, criptomoedas, inteligência artificial e neurociência – o que se perspectiva é a existência de vários metaversos com a vantagem tecnológica da personalização. Este cenário proporcionará mais valor nas relações que as empresas constroem com os seus clientes.
O Fórum Economico Mundial, na sua página, refere como objectivo “promover a colaboração entre vários stakeholders para construir o metaverso de maneira integrada e aberta e ajudá-lo a cumprir a sua promessa, transformando as experiências do consumidor e os modelos de negócios em todos os sectores”. Desta forma, os impactos do metaverso exigem atenção em relação à credibilidade das marcas, as questões ligadas à diversidade, à inclusão, ao meio ambiente e, sobretudo, à governança.
Em jeito de reflexão, o consumo de bens e serviços seja por via de novos produtos e serviços ou novas experiências são intensificados, exigindo das empresas novas formas de transparência e de relação com os clientes.
A fidelização às marcas através de novos vínculos afectivos, porque provavelmente o perfil dos clientes não será o mesmo que o dos clientes do mundo real, requer clareza nas mensagens, preservação do diferencial competitivo, criação e o fortalecimento de vínculos e atenção às questões de autenticidade.
As estratégias das relações das empresas com os seus stakeholders terão de ser repensadas face a uma nova realidade de posicionamento no mercado, discutindo ao nível da ética os desafios ao nível da privacidade e confidencialidade de dados, as relações contratuais, os temas ligados ao compliance, às boas práticas de concorrência, de contratação de colaboradores, de conduta profissional ética, de promoção de produtos e de cyber security.
O metaverso pretende deslumbrar-nos com um conjunto de ambientes virtuais interligados, operando como um universo paralelo à vida real. Como afirmou Aldous Huxley a propósito da sua obra “Admirável Mundo Novo”, “o preço da liberdade, e até da simples humanidade, é a vigilância eterna”.
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